A Águia e os Lobos - Crítica no Ler y Criticar

Este é o 4º livro desta saga e é o melhor até agora por diversas razões. Começando pelo ritmo, o autor acelera em alguns momentos tornando o enredo mais objetivo. Scarrow é um autor que consegue criar bons diálogos, um bom enredo, mas o seu forte foi sempre as batalhas e a forma como as descreve, e por isso, muitas vezes o melhor do livro estava nos momentos mais lentos, em que o autor nos leva a visualizar os pormenores das batalhas e o medo ou coragem dos soldados.
 
Agora, Scarrow consegue dinamizar o enredo e torna-o no ponto mais alto do livro, talvez porque também foge um pouco à fórmula base usada nos livros anteriores, causando alguma surpresa em certos momentos, mas principalmente porque se afasta ligeiramente dos olhos de Macro e Cato par nos dar um ponto de vista mais global das conquistas romanas. Graças a este aspeto, o livro parece ser o ponto de viragem da saga. Se antes toda a narrativa nos dava a ideia que os romanos eram os bons, e o povo conquistado os maus, agora a narrativa leva-nos ao outro lado, e apesar de continuarmos a simpatizar com os dois romanos principais, a verdade é que se começa a adensar a imagem negra deste império e se começa a desvendar que o que está para lá de Roma não é tão bárbaro como a propaganda tenta transmitir. Claro está que esta imagem nós já a tínhamos enquanto leitores, mas agora recebemos essa noção porque os personagens também a recebem.
 
Este é, também, o livro mais sangrento da saga até agora, com as batalhas a ganharem outra dimensão e com o autor a ser mais duro nas suas descrições, tentando transmitir ao leitor a perda que existe em cada batalha. Pelo meio está o peso das decisões, muitas vezes tomadas por quem não participa nas batalhas, ficando a ver de longe, protegido, planeando os próximos passos independentemente das perdas.
 
E é essa a realidade da guerra: os soldados lutam muitas vezes por algo em que acreditam, mas nunca tomam as decisões. E no final, para quê? Pela glória? Pela riqueza de outros? Pela fé? Com um final inesperado, Simon Scarrow prepara o seu próximo livro e está construída uma base de sub-enredos que poderá dar muita qualidade à continuação da saga. Para tal, muito contribui o aprofundar de personagens fora do exército romano, que nos mostram tradições e diferentes formas de pensar, ajudando a que o livro não nos guie sempre na mesma linha de pensamento.
 
Tentando não revelar nada a quem ainda não tenha chegado a este livro, devo concluir esta crítica dizendo que este livro poderá não ser o favorito dos fãs, mas é o mais consistente, melhor estruturado e que abre um leque de possibilidades futuras. Os fãs irão gostar e de certeza que saltarão já para o próximo livro, tal como eu vou fazer.
Publicado em 7 Fevereiro 2014

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