A Cruz de Morrigan- Crítica no blogue As Histórias de Elphaba
O mal tem o rosto da tentação.
Quando se prevê que o caos reinará sobre a terra e a humanidade espelha uma imagem finita, seis vidas, as mais improváveis, são escolhidas pela Deusa Guerra e juntas terão de se reunir num único tempo e encontrar na luz a solução.
Cruz de Morrigan é uma narrativa breve que nos principia numa guerra intemporal do bem contra o mal. Muito centrado nas personagens, este livro fala-nos de perdas e reencontros, de morte e de amor, mas também na força de acreditar e na coragem necessária para ultrapassar adversidades.
Esta foi a primeira vez que li Nora Roberts e, tal como imaginava, a sua escrita é muito acessível e fluida permitindo-me uma leitura casual e descontraída. Sendo esta a primeira obra da Trilogia do Círculo a poderão considerar a introdução extensa mas, pelo menos eu, após folhearem últimas páginas, mantive o desejo de perdurar a leitura.
O primeiro momento em que confirmamos a diversidade desta narrativa é através das suas personagens e conhecemos o primeiro dos nossos protagonistas, Hoyt, na Irlanda do século XII. No início ele não é mais do que um feiticeiro poderoso e amargurado carregando consigo a culpa pela transformação do seu irmão, Cian, em vampiro às mãos da rainha destes seres de escuridão, Lilith. Corajoso e com uma enorme sede de vingança Hoyt é dos personagens que mais evolui ao longo da nossa narrativa e, embora nem sempre o consigamos compreender, a verdade é que nos proporciona bons momentos, muito variados, graças ao destino que a Deusa Morrigan reservou para si.
Glenna é uma bruxa em pleno século XXI. Ela sabe que tem um dom e, graças a sonhos bastante reais, pressente que esse poder está destinado a um grande fim, mas nada a poderia preparar para o que irá acontecer. Embora por vezes seja infantil, a verdade é que ela representa muito bem as mulheres do nosso tempo e atendendo a tudo o que tem de enfrentar torna-se verdadeiramente interessante.
Embora eu tenha considerado Hoyt e Glenna as personagens principais deste primeiro livro a verdade é que mais quatro, cinco, constituem o núcleo principal que lutará contra Lilith, a nossa vilã. Juntos eles formam um pequeno exército vindo de vários tempos, com culturas e personalidades completamente divergentes que contribuem para grandes momentos de entretenimento.
É muito curioso verificar a passagem do tempo num único local, assim como a adaptação aos nossos dias de personagens que vêem de épocas tão longínquas. Os seus medos e curiosidades, a forma como se adequam a novas realidades, proporcionam-nos momentos de humor quando se deparam com confrontos entre o medieval e o tecnológico. É de facto, um livro muito rico em particularidades que me suscitou o interesse, não só devido ao jogo temporal, mas também através de todo o simbolismo que envolve os protagonistas.
Pessoalmente penso que esta trilogia tem muitos pontos ainda por explorar e embora este seja um livro extremamente centrado nas personagens, uma vez que elas têm efectivamente de criar uma união e conhecerem-se profundamente, espero de futuro encontrar o enredo mais desenvolvido, que para já se adivinha extremamente original.
Nora Roberts é de facto dotada de ousadia e imaginação e conseguiu, apesar da complexidade da história, criar algo muito leve que não agradará apenas ao público feminino. Cenários bonitos, romance e fortes momentos de acção são, efectivamente, uma mistura muito atractiva a que a autora consegue ainda juntar varias reviravoltas mantendo o leitor sempre muito atento até ao final com diversas surpresas.
Esta é uma oposta Chá das Cinco, do Grupo Saída de Emergência, que senti imenso prazer em descobrir e a qual quero continuar a acompanhar com proximidade com a certeza de que o melhor ainda está para vir. Recomendo.
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