A Hora de Maria no Marcador de Livros

O livro aborda de uma forma ficcionada uma suspeita, segundo a qual a irmã Lúcia terá sido substituída nos anos cinquenta, para impedir a revelação completa e imediata dos segredos de Fátima, conforme a pastorinha exigia. A confirmação de um acontecimento desta magnitude teria um enorme impacto na história de Fátima e na própria religião católica.

É fundamental refletir no contexto que rodeava as crianças. Eram muito novas à data das aparições, analfabetas e expostas a um meio profundamente religioso. Francisco e Jacinta morreram pouco tempo depois das aparições, segundo alguns, fragilizados pela experiência que testemunharam. Lúcia acabou por viver quase toda a sua vida em clausura, passando por Espanha e vindo posteriormente para o Carmelo de Coimbra. Teria sido este afastamento, da família e dos olhares do público, a condicionar a sua vida e a tornar possível a sua substituição por outra mulher. A comparação das fotos mais antigas de Lúcia, com outras mais recentes, é no mínimo intrigante.


As aparições
A maioria dos portugueses já ouviu ou leu a história das aparições de Fátima. No entanto, existem muitos factos e detalhes pouco conhecidos e que tornam o fenómeno ainda mais fascinante. A senhora que os pastorinhos descrevem, nos primeiros interrogatórios a que são sujeitos, é muito baixa (cerca de 1,10m), tem brincos, usa uma saia branca até aos joelhos e não diz quem é. Os relatos simples, feitos pelas crianças, apresentam incoerências com os documentos mais tardios – A saia da senhora “cresce” de comprimentos e, inicialmente, apenas é referido um segredo, a que Lúcia não parece dar muita importância, dizendo que o povo ficava mais ou menos na mesma se o soubesse. Mais tarde, é o Cardeal Ratzinger (futuro Papa Bento XVI), que propõe uma interpretação para os segredos, com especial destaque para o terceiro, revelado em Fátima durante a visita de João Paulo II, e que o identifica como o “Bispo de Branco” referido no texto atribuído a Lúcia.


Fátima e Portugal
A história de Fátima está profundamente ligada ao Portugal do século XX. De início, a Igreja Católica foi muito prudente com o fenómeno (as aparições de 1917 só foram reconhecidas oficialmente em 1930). Mas Fátima foi adquirindo uma importância que não poderia ser contrariada por ninguém. A amizade entre o Cardeal Patriarca de Lisboa e Salazar (vivem juntos durante onze anos) é a expressão da aliança que se estabelecerá entre os dois poderes.

Absolutamente decisivo é também o papel que uma pessoa, o Cónego Manuel Nunes Formigão desempenha em todo o processo. E, apesar disso, mantendo uma descrição quase misteriosa.

O centenário das aparições
A celebração do primeiro centenário das aparições vai fazer com que as atenções do mundo se virem para Fátima e para Portugal, em maio de 2017. A visita do Papa tornará o acontecimento ainda mais importante. A luta que o Papa Francisco tem promovido, pela transformação da igreja numa instituição mais humilde e capaz de corrigir os seus erros (e pecados), entronca naqueles que defendem que o terceiro segredo não foi todo revelado, e que o mesmo expunha os ataques à fé católica, realizados a partir de dentro da instituição.

Como em muitas outras vezes, a realidade que envolve os assuntos da religião é tão cativante e arrebatadora, que rivaliza facilmente com qualquer ficção.

Publicado em 16 Fevereiro 2017

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