A Oeste Nada de Novo - Crítica no Ler & Criticar

Este é considerado o melhor, ou pelo menos um dos melhores livro algumas vez escritos sobre a Primeira Guerra Mundial.
 
Quando há dois anos li o seu livro "Uma noite em Lisboa" (podem ler a minha opinião aqui), soube que, mais cedo ou mais tarde, teria de ler a obra prima de Remarque e não fiquei desiludido. Remarque tem uma escrita que nos marca, com descrições diretas, sem problemas em chocar-nos para nos mostrar a realidade, com momentos que, acredito, nunca mais irão esquecer. 
 
No que difere este livro dos outros? A grande diferença é que todo o livro apenas se foca no lado humano, deixando política e estratégia militar fora do enredo. Sem fazer foco a nenhum acontecimento histórico em particular dentro da guerra em si, Remarque leva-nos pelo olhar de um soldado alemão de 19 anos, que se alista cheio de sonhos, orgulho e força, para depois nos mostrar as suas transformações, físicas e psicológicas, durante a guerra, passando de seguida um olhar por aqueles que sobreviveram, mas que nunca mais serão os mesmos.
 
Remarque irá chocar o leitor, não pelas fortes descrições visuais, mas pelo olhar que consegue oferecer do que estes soldados vêem, do que sentem, do que perdem e do que ganham. É uma visão aterradora, tal como o é a própria guerra feita por aqueles que estão atrás de secretárias, e aos poucos toda a moral se perde,  toda a justiça ou noção de dever. É apenas a luta pela sobrevivência daqueles que poderiam ter outra vida e que não tinham noção do que os esperava. Poderá alguém, por mais filmes ou documentários que tenha visto, por mais livros que tenha lido, estar minimamente preparado para o que a guerra lhe irá oferecer?... não. E no fim, a única coisa que se conseguiu, foi sobreviver, e digo "única" porque tudo o resto se perdeu.
 
Este não é um livro que nos tente agarrar com uma história, mas sim mostrar a realidade. Nesse aspeto, Remarque conseguiu-o melhor do que qualquer outro livro que tenha lido sobre o tema. A psicologia explorada ao máximo. O que nos faz matar, o que pensamos quando o fazemos, o que sentimos entre as batalhas enquanto o corpo descansa? O que custa perder o amigo ao nosso lado...
 
Claro que nenhum livro é perfeito, mas nunca tinha lido um livro tão bom sobre a 1ª Guerra Mundial. Existem momentos e diálogos que não esquecerei tão cedo e no fim fica a sensação que esta obra apenas está ao alcance de um grande escritor que viveu aqueles momentos. E por isso digo que há livros que todos devemos ler, e este é um deles. Para quê? Para sabermos o que somos capazes de fazer para sobreviver e o quanto esses momentos limite nos mudam para sempre, porque certos acontecimentos são mais do que a nossa mente consegue suportar. 
 
Este livro ficou de tal forma comigo que enquanto escrevo este texto, recordo aquele rapaz de 19 anos, os seus sonhos e orgulho patriótico em contraste com a seguida compreensão da realidade da guerra, e acredito que a sua história foi verdadeira, pois muitos jovens terão passado pelo mesmo. É esse soco no estômago que não se esquece e que me fará voltar a ler este livro quando for mais velho, provavelmente com outro olhar sobre alguns temas, mas, no fim, com a mesma sensação de que o Homem é mesmo capaz do mais puro ato de amor, mas também do extremo oposto, e pelo meio, uns apenas tentam sobreviver.
Publicado em 26 Setembro 2014

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