A Revolução da Mulher das Pevides Opinião em O Prazer das Coisas

A história desenrola-se durante os anos das invasões francesas, ou melhor, da primeira invasão por parte dos exércitos de Napoleão. Confesso que é um período da nossa história, que pouco ou nada sabia, apenas que a Família Real tinha fugido para Brasil.
As primeiras duas fases, funcionam como apresentação, quer das personagens, enredo e de contextualização histórica. Vão-nos sendo dadas a conhecer as conspirações por parte de Napoleão, onde conseguimos perceber claramente quais são as suas ambições. Conhecemos também, um bom leque de personagens, entre os quais o General francês Junot, que comandou a invasão de Portugal e que se tornou governador-geral do país, durante o período da primeira invasão; a população do Sítio da Nazaré, tais como Ana Luzindra, Joana da Estopa, António Enjeitado e Maria dos Anjos; dois soldados, um português e outro espanhol, Rodrigo e Diego.
As personagens do Sítio, são personagens bem construídas e reais (e são mesmo, na sua grande maioria, pessoas que existiram e enfrentaram os franceses). A Isabel teve até o cuidado de reproduzir o sotaque típico desta zona, tarefa que acredito que seja bastante difícil, mas que se torna bastante divertido de ler. Ahhh e as pragas?! São tão giras!
A autora explorou vários pontos de acção, o que torna este livro tão rico e delicioso de ler.
E as personagens? Como não gostar delas?
Ana Luzindra mostra que é uma mulher muito para além da sua beleza, uma mulher de coragem e que faz tudo o que pode para salvar a sua família. Maria dos Anjos, passa por muito e que me deixou o coração bastante apertado, e consigo perceber a forma como tenta superar tudo. Mas, a melhor personagem do Sítio, para mim, é mesmo Joana da Estopa. Que velhota rija! Nunca baixa os braços e proporcionou-me ainda umas boas gargalhadas, cheguei até a ter pena do jovem francês eheheh
Adorei ainda a interacção entre Rodrigo e Diego, com todas as suas "bocas" para com o outro, mas também pela forma como se relacionaram. Ahhh e também tivemos um momento bem divertido com estes dois e que envolve um salvamento aquático ;)
A certa altura temos a verdadeira "Revolução da Mulher das Pevides" pelo povo, homens, mulheres, velhos e novos, que se juntam e conseguem surpreender os franceses. Grandes e corajosos homens e mulheres! Gostei muito de saber que a Isabel é descendente, quer pelo lado materno, quer paterno, desta gente de fibra. Mas também, a retaliação dos franceses, com cenas mais violentas, algumas delas bem fortes, mas que tornam a história ainda mais real.
No entanto, existem dois pontos que poderão "afectar" a leitura a alguns leitores. Um prende-se com a quantidade de personagens da Nazareh, que inicialmente podem criar alguma "confusão" ao leitor, pois são muitos nomes e graus de parentescos e julgo que um glossário de personagens seria uma mais-valia neste livro. O segundo ponto é termos muitas falas em espanhol, o que pode criar algum desconforto. É um espanhol muito acessível e em palavras mais "complicadas" temos a devida tradução na nota de rodapé. Para mim, estes dois aspectos em nada prejudicaram a minha leitura, nem tão pouco retiraram o prazer que senti a ler este livros, mas achei por bem referi-los, para um futuro leitor interessado ficar devidamente informado do que poderá encontrar.
Quando cheguei ao fim, senti falta de mais. Queria saber mais sobre o que aconteceu ao povo do Sítio, principalmente ao António Enjeitado e a Ana Luzindra; mas também sobre Maria dos Anjos, Rodrigo e Diego. Espero que a autora escreva, em breve, os próximos volumes =)
Tendo as duas edições e sabendo que a autora alterou o capitulo final, optei por ler os dois. Isto é, fiz toda a minha leitura com a nova edição, que acho bastante bonita, e quando cheguei ao último capítulo, li primeiro o da antiga edição e depois o da nova. E devo dizer que gostei mais do novo final. Pareceu-me mais envolvente com a história.
Sem dúvida, uma excelente leitura, e que irá figurar no top das minhas melhores leituras do ano.

Com este livro, fiquei ainda com mais vontade de ler os livros da Isabel Ricardo dedicados a Nuno Álvares Pereira o Santo Condestável, e que são mencionados numa nota de rodapé. Quem sabe se não serão futuras apostas da editora? Eu gostava  =)

Publicado em 20 Junho 2016

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