A Saga de Alex 9 - Crítica no blogue Ler y Criticar

Com a publicação de A Saga de Alex 9, Bruno Martins Soares deixa para trás o seu heterónimo, reúne os três livros da saga num único, acrescenta capítulos aos dois primeiros livros e ainda faz uma leve revisão ao que algumas pessoas, como eu, já tinham lido.
Razões suficientes para pegar neste livro e começar a ler!

Falando muito rápido das melhorias aos primeiros dois livros, a introdução de capítulos ajuda a inserir algumas personagens e principalmente ajuda à compreensão da intriga e dos "jogos de bastidores" que algumas personagens farão. Existe ainda uma revisão na escrita do autor, nada de significativo ou que altere a história. No entanto não é difícil perceber que a introdução de momentos mais violentos e de maior sensualidade levam esta saga para um público alvo mais maduro.
Agora sobre o terceiro e inédito volume: A primeira coisa a dizer é que os fãs da saga não ficarão nada desapontados com "A Magia dos Ventos", terceiro livro desta trilogia. Bruno M. Soares mantém este livro fiel aos anteriores e faz várias ligações. Todavia, existe, tal como do 1º para o 2º livro, algumas alterações na escrita do autor. Em primeiro lugar, não é difícil perceber que a escrita do autor está melhor, mais refinada, mais pausada. Gostei, sinceramente, desta melhoria, pois a narrativa ganha uma nova qualidade descritiva e aos poucos fica para trás aquela imagem de ação contínua dos livros anteriores.

As personagens também estão ao nível dos anteriores e coerentes, e uma vez mais sentimos que este volume, com os 3 livros, faz sentido, pois esta saga deve ser lida de seguida! Continuando nas personagens, algumas proporcionam momentos interessantes, alguns surpreendentes, e apenas uma ou duas vezes senti que uma atitude de uma personagem estava algo forçada, mas esta sensação poderá acontecer apenas comigo, que senti alguma dificuldade em me ligar com a personagem Jikard.

Este é um livro centrado em batalhas (talvez em demasia para certos gostos), mas o desenvolver da história tornou difícil outras opções. A história continua ao nível que o autor nos habituou, cheia de ritmo e com uma cadência de diálogos que ajuda a não baixar o entusiasmo do leitor. O final, teve algumas partes algo previsíveis, sem que essa previsibilidade me tenha desiludido, mas roubou-me o efeito surpresa (algo que poderá não acontecer com outros leitores). Outros momentos finais foram de surpresa e que gostei por encaixarem bem com tudo o que aconteceu deste o 1º livro. Aliás, acredito que o fim do livro será o momento mais alto para qualquer leitor e que muitos irão adorar!

A "montagem" do livro continua igual, com a narrativa a saltar entre locais e entre passado e futuro. Este constante "saltar" por vezes confundiu-me, porque com tantas personagens e com a narrativa a saltar tão depressa, por vezes nem tinha "tempo" para me recordar verdadeiramente da personagem que estava agora a ler. No entanto acredito que esta maior dificuldade também se deve ao facto de não ter lido a saga de seguida.

A ideia base desta trilogia é muito boa e Soares está de parabéns. O desafio não era fácil, principalmente porque se adivinhava uma batalha final que fosse uma mistura entre espadas e flechas com armas do séc. XXII. Soares conseguiu sair por cima neste problema, pois se mal feito, qualquer leitor ficaria com a sensação que a batalha de espadas e flechas nada resolveria (apenas desperdício de vidas e páginas) e que tudo seria decidido pelos misseis.
Como único defeito a apontar neste livro, está o facto de nem na batalha final sentir que algumas personagens estiveram em perigo (uma vez mais George R. R. Martin a mudar a literatura mundial).

Esta saga é a prova que devemos olhar, e dar mais crédito, à leitura fantástica que se faz em Portugal. Não é uma obra-prima, mas é uma leitura muito agradável para os leitores do género. Quem quiser entrar neste género, tem aqui uma boa escolha, pois a mistura de fantasia e ficção-científica está bem conseguida.
Espero, sinceramente, que este autor continue a escrever, porque na primeira saga, Bruno Martins Soares ganhou o seu espaço neste género.

Publicado em 18 Julho 2012

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