A Senhora da Magia - Crítica em Eu e o Bam

Desde que vi o filme baseado na série As Brumas de Avalon, que sempre fiquei curiosa para ler os livros. Isto há muitos, muitos anos atrás. Entretanto li alguns livros da escritora, e fiquei a adorar a sua escrita e os seus universos, mas as Brumas teimavam em não me chegar às mãos. Finalmente, tive oportunidade de entrar neste mundo, tendo já esquecido grande parte da história; foi uma mais-valia, pois cada virar de página e cada novo acontecimento eram uma novidade.
 
A Senhora da Magia foca-se principalmente em como Arthur e Morgaine se cruzam, desde a história dos seus pais à história do seu crescimento, passando pelo contexto histórico da Bretanha em constante guerra com os Saxões, numa reinvenção da lenda arturiana. Mas isto escrito pelas mãos de Marion Zimmer Bradley ganha outra vida, outro encanto.
Eu já pensava que ia gostar do livro; nunca pensei que fosse marcar-me tanto. Tem tudo o que para mim é imprescindível num bom romance fantástico: um universo estupendamente construído, personagens marcantes e fortes, um ritmo de história equilibrado, imaginação, uma escrita deliciosa. É que não é só o conteúdo que é bom: as palavras da autora esvoaçam etéreas, entre as páginas, prendendo-nos, apaixonando-nos, não nos deixando nunca mais esquecer este romance que é considerado um marco do fantástico.
Há um trabalho de pesquisa enorme por detrás deste livro, bastante notório. De tal forma os factos e os sonhos se misturam, que quase podemos acreditar que a ilha mágica de Avalon realmente existiu. A forma como a autora descreve historicamente os acontecimentos, aliados à imaginação, é perfeito. A história de Artur é a base da história de A Senhora da Magia, mas facilmente nos esquecemos de tal; provavelmente, noutros livros será mais notável.
Não consigo encontrar as palavras correctas para descrever a magia por trás da história: é ler para crer. Para quem leu e gostou, então facilmente me percebem; para os que não leram, têm de ler. Para quem não gostou... como se costuma dizer, gostos são gostos, mas risco-vos da minha lista de prendas de Natal!
Há um outro ponto, independente da história, mas que tenho de assinalar: a versão da Saída de Emergência. Eu sei, é normal na editora as suas versões serem bonitas. Mas esta capa está muito, muito bonita, toda a edição está muito bem, portanto, pontos para a editora.
Não há nada de negativo a apontar a este livro. Nada. A não ser o clássico "tem um fim".
 
"O tempo parou. Nadava em prazer. Ele não fez mais do que acariciar-lhe a face com as carícias mais suaves e nenhum deles queria mais do que isso. Ela brincou suavemente com os dedos dele, sentindo-lhe os calos das palmas das mãos."
 
Conhecendo bem a imaginação fértil que Marion consegue ter (aos que leram A Colina das Bruxas, vocês sabem do que falo), este bocadinho da história quase me levou às lágrimas, de tão inocente, belo e precioso se torna. Não é preciso uma descrição pormenorizada, nem muito explícita, para se conseguir um momento íntimo tão singelo; com uma delicadeza incrível, aqui está um momento apaixonante, carinhoso, ardente. A sensibilidade latente comoveu-me.
 
Aconselho a plenos pulmões a leitura deste volume e posteriores (que acredito serem tão bons ou melhores do que este). Para os amantes de fantasia, é leitura obrigatória. Para os que não morrem de amores pela fantasia, experimentem. Não vão encontrar elfos nem duendes, vampiros nem lobisomens. Apenas uma história fantástica, intemporal, majestosa. Marion Zimmer Bradley já não está entre nós, mas vive justamente pela sua obra, que desejo sinceramente que perdure muitos anos.
Publicado em 3 Fevereiro 2014

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