Acasos Felizes - Crítica em As Histórias de Elphaba

O que eu me ri com mais esta história de Jill Mansell, inacreditável.
Após o último livro que li desta autora, excelente, pensei que tão depressa não passaria os olhos por algo seu tão divertido, mas eis Acasos Felizes para me surpreender, e de que maneira!
Depois de dez livros lidos e nove opinados desta escritora aqui no blogue, confesso-vos que começo a ficar com a sensação, quase certeza, de que os meus comentários às suas narrativas são repetitivos. Afinal de contas, Jill cativa-me pelas suas singularidades que não variam muito de livro para livro – o que para quem gosta como eu é uma mais-valia – e que mais voltam a encontrar-se expostas no seu melhor. Dito isto, cheguei a um momento em que avalio as suas histórias com base nas personagens principais, no estilo de abordagem às problemáticas e romance comuns e, mais importante, em relação às peripécias, reviravoltas e humor – tudo o resto nestas páginas é trapalhada habitual de ler e chorar por mais.
Como tão bem elucida a sinopse, a questão central do texto gira torno da dificuldade de Lottie em ser feliz com o homem de quem gosta devido aos seus pestinhas, que o vêm como um monstro. A somar a este problema simples, existe o ex. marido de Lottie sempre colado à porta de sua casa, a boa amiga comteias de aranha, o seu antigo patrão e grande amigo envolvido numa fatalidade e um homem lindo, rico e sedutor que afinal pode não ser um partido assim tão bom, mas que os pestinhas adoram.
Resumindo, a vida amorosa da protagonista tem tudo para correr mal, e corre realmente mal, mas é maravilhoso vê-la assim como a Tyler sofrerem – muito bem, é horrível o que eu acabei de dizer, mas é uma das maravilhas da ficção.
Gostei imenso de Lottie. Esta protagonista vai da irascibilidade à doçura em segundos com o seu feitio peculiar, já para não falar do seu sentido de humor, do seu grande coração de mãe e de se revelar uma amiga que dá o sangue por aqueles que estima. É, claro está, do género que se coloca nas situações mais impossíveis, que não sabe o significado da palavra descrição e que se mete onde não é chamada, ou não fosse ela louca por um segredo ou coscuvilhice. Gostei igualmente dos seus filhos, Nat e Ruby, muito irritantes, embirrentos e teimosos, algo que eu deduzo ser próprio dos seus sete e dez anos de idade, mas por outro lado também têm momentos em que são os anjos, como qualquer criança.
No que respeita aos machos de Lottie, o ex. marido Mario caracteriza-se por ser um mulherengo que se vai moderando ao longo do texto, cumprindo bem o seu papel de pai e redimindo-se na segunda metade do livro. Já Tyler, que está igualmente bem enquanto patrão fatal, surpreendeu-me muito no final embora, desde o início, fosse possível antever a sua boa índole e me tenha logo conquistado pela sua eterna paciência. Por fim, Seb, é do género que nos deixa a pulga atrás da orelha mas o que vamos seguindo para ver até onde vai, bem ele vai longe, isso é certo. São todos previsíveis, essa é que é essa, mas são o protótipo de personagemJill a que não resisto.
Ainda em relação a intervenientes, quero citar Cress e Jojo, tia e sobrinha. A primeira é uma grande amiga de Lottie e juntamente com a sua menina acabam por protagonizar uma temática bastante interessante, assim como Freddie o ex. patrão da protagonista que permite a introdução de algo incomum nos livros desta autora, passagens temporais no passado e que dão ênfase ao presente desta personagem com questões importantes.
Personagens, imensas como sempre, à parte, adorei os momentos altos do livro. As caricatas situações com uma Nana, um lagarto, com cinzas e uma crise de soluços ficam para a história de tão divertidas que foram – gargalhei! As reviravoltas, por vezes surpreendentes, foram mais um ponto positivo, embora o final tenha continuado a ser imaginável. E gostei, também, de todo o ambiente criado em torno da aldeia, onde não faltam os cromos e as fofocas que animam o dia de qualquer habitante de um local pequeno e idílico.
No que respeita a questões pertinentes, Jill volta a satirizar vários clichés e vários traços característicos de indivíduos comuns, mais ou menos bons, que de uma forma ou de outra encontramos no nosso dia-a-dia. Os snobes, os fúteis e os interesseiros estão presentes, assim como os tímidos, os mulherengos e os excêntricos. Igualmente abordadas são questões como a morte e as drogas, e, num campo mais afectivo, o divórcio, a adopção, as relações passageiras e todo o que se encontra associado a novos relacionamentos de pais solteiros.
Numa vertente mais animadora e emotiva, esta é também uma história de segundas oportunidades, de evolução individual e sobre o amor leve mas intenso pois, embora nem sempre pareça, esta autora é uma romântica.
Em suma, esta é uma comédia romântica em todo o seu esplendor que de forma ligeira é extremamente abrangente mas que tem como principal objectivo entreter o seu leitor que passará, certamente, bons momentos durante o folhear.
Quanto à autora não sei se haverá algo que eu ainda não vos tenha dito…
Diálogos pertinentes e interessantes, descrições curtas e pensamentos loucos reinam em cada página, em que Jil Mansell se dedica a brincar com a vida e a fazer-nos rir quando poderíamos chorar porque o tempo que passamos por cá é, definitivamente, demasiado breve para que se desperdice um segundo a mais do que necessário com a tristeza. Esta senhora é uma das minhas vitaminas para a boa-disposição. 
Esta é uma aposta regular e muito bem-vinda do Grupo Saída de Emergência, na chancela Chá das Cinco, que eu recomendo a todos os que desejem divertir-se enquanto lêem.
Publicado em 11 Fevereiro 2014

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