Aprendiz de Assassino - Crítica no blogue Ler y Criticar

Quando um livro é narrado pela personagem principal, há muitos aspectos (na generalidade dos casos) que ficam imediatamente definidos: a escrita provavelmente será lenta, teremos sempre uma grande proximidade com o narrador e conhecimento do mesmo. Teremos uma visão firme dos seus pensamentos e medos, e a ligação entre o leitor e a personagem é feita com relativa facilidade. Por outro lado há a dificuldade de ligação com as restantes e demoraremos algum tempo a conhecê-las, tal como a própria personagem. Este aspecto ajuda à intriga, pois apenas sabemos o que o narrador sabe, deixando-nos às escuras.
Hobb não foge a esta tendência, marcando o livro positiva e negativamente.

A parte negativa é que este livro apresenta uma escrita lenta em algumas partes do livro, e tive e sensação que a escritora deveria ter misturado mais acção e descrições, em vez de as escrever separadamente em alguns casos. No entanto estas descrições que podem parecer extensas em alguns casos, são obviamente necessárias num primeiro livro para entrarmos no contexto da saga (locais, tradições, povos, personagens). Este ritmo lento não prejudica a história, mas um leitor menos paciente poderá afastar esta leitura cedo de mais (o que será um erro). No meu caso posso afirmar que a ligação que criei com a personagem Fitz foi tão imediata que ajudou bastante para que nunca fosse um esforço avançar por estas páginas.

Fitz é o grande trunfo deste livro na minha opinião. Um rapaz que vemos crescer, amadurecer e de quem ao fim de algum tempo se torna fácil gostar, primeiro pela excelente ligação que cria com animais, mostrando um lado humano muito interessante, mas também pela própria escrita de Hobb, que nos aproxima da sensação de angústia e injustiça. Sendo este o primeiro livro da saga, devo ainda dizer que a evolução da personagem Fitz é significativa, e fiquei com vontade de o conhecer melhor, juntamente com algumas outras personagens.

Esta é uma obra que ao início se parece com um Harry Potter medieval, porque começamos com uma criança de seis anos a quem falta os pais, mas ao fim de algum tempo esta sensação desaparece, principalmente porque a evolução da história é muito mais rápida temporalmente, com saltos de alguns anos e que empolgam a leitura, na perspectiva de avançar rapidamente até encontrarmos um Fitz mais adulto.
Aproveito ainda para dizer que o facto de ser uma saga centrada num assassino que terá de passar incógnito, com os seus venenos e artimanhas, fugindo àqueles assassinos invenciveis com a espada, deixou-me bastante satisfeito.

Tempo ainda para dizer que existem outras personagens muito interessantes, como Veracidade e Breu, sendo que para mim Veracidade é a mais bem conseguida. A intriga é boa, a história fácil de se perceber e existe sempre uma carga emocional nas palavras de Fitz eu achei interessante, por tornar aos meus olhos a personagem mais credível e real. A magia apresentada é fora do normal, mostrando-se desgastante e viciante para quem a usa, mas também com outros factores que não irei revelar e que gostei.

O único aspecto do livro que não me convenceu foi o mundo onde se desenrola. Apesar de sabermos bastante sobre o passado do Reino, este mundo nunca se apresentou muito rico e diversificado, principalmente porque ao sermos limitados pelo olhar de Fitz, não conseguimos ter uma ideia abrangente do Reino, ficando a sensação que este mundo terá muito mais para oferecer quando Fitz tiver outras aventuras.
Existiram ainda três ou quatro questões que gostava de ter lido a resposta neste livro, mas tal não acontece, ficando a dúvida se estarão nos próximos livros. Espero que sim!

Este primeiro livro é uma estreia muito bem conseguida. Enquanto primeiro livro não me conseguiu marcar tanto como o primeiro Guerra dos Tronos ou O Mago - Aprendiz, a verdade é que poucos o conseguirão, mas confesso que foi um dos mais viciantes inícios de saga que li nos últimos anos.
Um livro com boas personagens, com um último terço de livro electrizante e um final que nos deixa com uma enorme vontade de ler mais. A saga de Fitz já tem um lugar reservado na minha estante e aconselho outros leitores a darem uma vista de olhos a estas páginas, pois quem gostar de Fantasia, não ficará desiludido com este início.
Quem estiver à procura de uma saga de fantasia para ler, poderá ter aqui a sua resposta! Próximas aventuras para breve!

Publicado em 29 Março 2012

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