As Jóias do Sol - Crítica no blogue D´Magia
Da primeira vez que coloquei a vista em cima de um dos romances de Nora Roberts foi paixão às primeiras linhas. Há algo naquela sua maneira suave e verdadeira de explorar os sentimentos mais profundos das suas personagens, ao mesmo tempo que vai construindo a sua história, com descrições deliciosas, em páginas de uma beleza arrebatadora, que me deixa encantada.
“As jóias do Sol” é um livro com uma capa espectacular, uma história envolvente e, personagens cativantes e inacreditavelmente reais. A sua intriga desenrola-se na mágica Irlanda, terra de mitos e lendas, onde a autora possui raízes, já que ambos os seus pais têm ascendência irlandesa.
Roberts cria uma lenda acerca de um amor impossível entre um príncipe das fadas e uma bela jovem para servir de base ao desenrolar da história, o que lhe confere um carácter ainda mais mágico. É então, num ambiente deslumbrante, que somos apresentados a Jude Murray e Aidan Gallagher, dois personagens fortes e encantadores, destinados um ao outro.
Jude exerce, sem dúvida, uma maior influência sobre o leitor longo do livro, quer pela sua complexidade, quer pelo enorme desenvolvimento que sofre ao longo da história.
Ao chegar a Ardmore, aldeia piscatória onde se desenrola a trama, Jude está completamente perdida e à beira de uma depressão. Parecia que toda a coragem que a levara até à Irlanda, deixando para trás a sua vida rotineira em Chicago, havia desaparecido. No entanto, ao longo da história, ela, que não tinha qualquer fé em si própria, irá desenvolver o seu potencial como nunca pensara ser possível. Mas claro que nada disso poderia ter acontecido sem a preciosa ajuda do charmoso e soberbamente bonito, Aidan. Ele, que viajou por tudo mundo, até descobrir que pertencia ao local onde nascera, Ardmore, onde actualmente dirigi o pub da família.
Foi fascinante ver como ambos os protagonistas evoluíam. Ela, como descobriu um propósito para a sua vida, escrever, ao mesmo tempo que se tornava confiante e até ousada, perante o seu acanhamento e tristeza iniciais. Ele, como descobria seu destino para lá de qualquer dúvida. Apesar de, tanto um como o outro, não conseguirem exprimir os seus sentimentos da melhor forma, o enorme mal entendido que daí adveio, acabou por se resolvido com o apoio de outros personagens, também importantes para o desenrolar da trama.
Assim, além dos protagonistas, temos uma base bastante sólida de personagens secundários, que nos volumes seguintes desta trilogia se tornarão protagonistas. Temos então, a deslumbrante Darcy, irmã do protagonista que apesar de, aparentemente superficial e fútil, acaba por se revelar uma mulher sensível e bastante perspicaz. Temos também, a prática e bonita Brenna, que a principio nos lembra coragem e irreverência, mas que acaba por nos mostrar uma mulher com uma auto-estima algo abalada e um coração ansioso por emoção. Temos ainda, Shawn, irmão de Aidan e Darcy, que para lá de uma atitude sonhadora e abstraída, mostra uma inteligência fora do comum.
Roberts é conhecida por dar um passado, um presente e ainda um futuro promissor aos seus personagens, facto louvável, que cumpriu mais uma vez na perfeição. Criando um romance intenso e incrivelmente profundo, que nos faz pensar na força do destino e, acima de tudo, na nossa própria força.
No entanto, para além de todas as suas qualidades, este não é o meu livro preferido da autora. Depois de meditar sobre o assunto, acabei por concluir que faltou um vilão, não digo um super-vilão, apenas alguém a quem a união dos personagens principais não conviesse, e que fizesse algo para impedir o destino inevitável. Claro que falharia, mas entretanto teríamos tido alguém que nos provocaria fortes sentimentos de revolta e indignação, o que tornaria o livro ainda mais emocionante.
Adoro as histórias de Nora Roberts e, a cada livro que leio, admiro-a ainda mais como uma das melhores autoras do romance contemporâneo. Aconselho, este e qualquer outro livro da sua autoria, porque ela é realmente, um mestre na arte de contar histórias.
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