Cem Mitos Sem Lógica - Artigo na Visão

 Nem sempre o que parece é. Nem todos os dizeres que passam de geração em geração estão certos. Ler o mundo pelos olhos da Ciência pode ser surpreendente e divertido. Confirme-o nestes excertos livro “Cem Mitos sem Lógica”

Acordamos com uma borbulha na testa 
e imediatamente nos lembramos do chocolate devorado a meio da tarde do dia anterior. Não temos muita fome, mas quem se atreve a sair de casa sem um bom pequeno-almoço? Já se sabe que é meio caminho andado para o desandar da dieta. Vamos à casa de banho do escritório e gastamos meio rolo de papel higiénico para forrar o tampo da sanita 
e protegermo-nos dos germes perigosos que por lá vivem… O nosso dia a dia está marcado por ideias feitas, mitos que têm muito pouco 
de verdade e que acabam até por nos complicar a vida. Neste livro, escrito pela jornalista de Ciência da VISÃO, Sara Sá, e pelo biólogo, doutorado em Neurociências, Pedro Ferreira, os autores desmontam cem dos mitos mais comuns – cobrindo áreas como a Saúde (claramente a mais profícua), Nutrição, 
Sexualidade ou mesmo História.

Numa escrita simples, mas bem fundamentada em estudos científicos, os autores justificam as razões que transformam cada uma das “falsas verdades” numa fuga à realidade dos factos. “No mundo pós-factos no qual vivemos, onde a desinformação e os fake news parecem tão mais fáceis e importantes do que a informação obtida criticamente e validada por peritos, sentimos esforços como este livro cada vez mais necessários. Se conseguimos colocar alguma dúvida em pelo menos algumas mentes, já ganhámos 
o dia”, escreve-se na introdução.

 

1 Ler com pouca luz prejudica a visão

As gotas de chuva batem na janela, o céu está escuro e poucos são os raios de luz que atravessam 
o vidro. Está frio e só apetece ficar debaixo dos cobertores 
a ler um bom livro de aventuras. Mas como usufruir deste pequeno prazer sem culpas?

Afinal, quantas vezes ouvimos “vais 
dar cabo dos olhos se te pões a ler 
às escuras”? E até parece ter a sua lógica. O olho precisa de luz para ver; quando esta é pouca o esforço é maior e isto causa danos. Só que não é bem assim.

A visão é um sentido muito sofisticado 
e o olho tem uma extraordinária capacidade de adaptar-se ao meio ambiente. As pupilas dilatam se há pouca luz, e voltam a contrair quando aumenta a luminosidade.

Os problemas de visão têm sobretudo origem na morfologia do olho, altamente condicionada pela herança genética. No entanto, fatores ambientais, como brincar ao ar livre, focar num horizonte longínquo em vez de próximo previne o aparecimento de miopia – má visão à distância. Pensa-se que é esta relação que explica a grande epidemia de má visão à distância, que afeta a população jovem da Ásia. Trata-se de toda uma geração que está a crescer enfiada nos quartos a jogar no tablet, em que o olho 
só exercita a visão numa curta distância.

A média luz pode dificultar a focagem, 
o que a curto prazo pode causar fadiga do olho. “Mas não há evidência científica de que ler no escuro provoque quaisquer danos nos olhos, a longo prazo”, explicou à publicação de notícias médicas WebMD o oftalmologista Richard Gans. O que pode acontecer, devido a este esforço, 
é aumentar a secura, já que se pestaneja com menos frequência. Um desconforto, certamente, mas que não causa danos 
na estrutura ou na função do olho.

E sempre que isto acontecer, podem usar--se os banais lubrificantes oculares, 
que fica o problema resolvido.

Mesmo sem causar danos, é conveniente ter alguns cuidados na leitura: a luz deve ser opaca e estar apontada diretamente para a página, uma vez que o brilho torna mais difícil ver o material de leitura, aumentando o cansaço. É também por esta razão que deve manter a luz do ecrã do computador bem ajustada, sem muito brilho, fazer pausas ao longo do dia, em intervalos de uma hora, hora e meia, 
e ainda ter em mente que deve piscar 
os olhos com frequência, para manter 
o conforto ocular.

 

2 Fazer sexo é um ótimo exercício físico

Ouvimos muitas vezes, e pensamos, de forma esperançosa, que sexo é um excelente exercício físico – e que compensa, claramente, as faltas ao ginásio. Pedimos desculpa pela deceção, mas temos mesmo de dizer que não se pode contar com sexo, mesmo que seja tórrido, para manter a linha 
e perder calorias.

Num desassombrado artigo, publicado no New England Journal 
of Medicine, escreve-se que, em termos de gasto de energia, uma sessão de sexo gasta apenas mais 
14 calorias do que ficar sentado no sofá a ver televisão.

As contas foram feitas para um homem, na casa dos 30, assumindo os seis minutos como o tempo que dura uma relação sexual.

Noutro estudo (Energy Expenditur
e during Sexual Activity in Young Healthy Couples, publicado no PLOS One), feito no Canadá, mediu-se 
o impacto das relações sexuais em 21 casais heterossexuais, com uma média de idades de 22 anos. 
De sensor no braço, para medir o gasto de energia, mulheres e homens andaram 30 minutos na passadeira e tiveram sexo. Feitas as contas, o gasto energético médio, durante uma relação sexual, foi 101 calorias nos homens e 69,1 nas mulheres, ou ainda, 4,2 calorias por minuto e 3,1, respetivamente. Nos trinta minutos de passadeira, os homens gastaram 276 calorias, e as mulheres 213, praticamente o dobro do gasto 
de energia por minuto. Na avaliação comparativa, o sexo destacou-se claramente na sensação de bem--estar que proporciona: 98% dos participantes afirmaram retirar mais prazer do amor do que da passadeira.

Estes resultados representam a média de quatro relações sexuais, uma por semana, ao longo de um mês 
de estudo, sendo que a contagem 
das calorias se iniciou com 
os preliminares e terminou com o orgasmo de um dos parceiros. Apesar de os voluntários terem recebido instruções para não inovarem na prática sexual, presume--se que, pelo facto de saberem que estavam a ser avaliados, os casais possam ter tido maior empenho e mais vigor. Ou seja: o balanço real pode ser ainda mais fraco. Portanto, moral da história: mesmo a mais feliz das vidas sexuais não substitui de forma alguma a inscrição (e frequência!) no ginásio ou uma relação fiel com os ténis de corrida.

Mesmo assim, o sexo continua a estar classificado como exercício moderado, trazendo muitos outros inquestionáveis benefícios. É um indicador de saúde e um bom contributo para a mesma. Aumenta a longevidade (pessoas que sentem pelo menos dois orgasmos por semana tinham uma mortalidade de menos 50%), reduz o stresse, diminui a incidência da depressão – mesmo quando praticado a solo.

Noutro estudo, de pequena dimensão, da University of West Scotland, feito pelo psicólogo Stuart Brody, verificou--se que pessoas que tiveram relações sexuais nas duas semanas anteriores a um acontecimento causador de stresse sofreram um menor aumento na pressão sanguínea enquanto lidavam com o problema. Nas mulheres, verifica-se que reduz 
a intensidade das dores menstruais 
e das dores de cabeça. Estabiliza 
os ciclos de sono e reforça o sistema imunitário. Face a tudo isto, o que interessa uma mera contagem 
de calorias?

 

3 Só usamos 10% do nosso cérebro

Muito foi já dito e escrito acerca 
da estupenda complexidade do cérebro humano, o qual, segundo o nosso conhecimento atual do Universo, tem 
a fama de ser a estrutura mais complexa em existência. Dada essa complexidade, e todo o seu potencial inerente, diversas têm sido as tentativas e estratégias tecidas à volta da promessa de um aumento da utilização dessa máquina que carregamos dentro do crânio. E porque devemos, ou podemos, maximizar o quanto do nosso cérebro usamos? Porque, segundo a crença popular, utilizamos apenas 10% do nosso cérebro ou da sua capacidade de computação. No entanto, nada podia estar mais longe da verdade.

Esta ideia é muitas vezes atribuída a uma citação de Albert Einstein mas, segundo Barry Beyerstein indica no capítulo Whence Cometh the Myth that 
We Only Use Ten Percent of Our Brain?, inserido 
no livro Mind Myths: Exploring Popular Assumptions About the Mind, editado por Sergio Della Sala em 1999, nenhuma prova de tal afirmação pode ser encontrada. Beyerstein cita uma série de estudos provenientes de vários campos das neurociências, de imagiologia do cérebro a análises metabólicas, que confirmam aquilo que todos os neurocientistas sabem – muitos sistemas neuronais que compõem o cérebro humano estarão continuamente ativos ao longo do dia, e obviamente utilizamos bastante mais do que 10% do nosso cérebro.

No seu artigo An Energy Budget for Signaling in the Grey Matter of the Brain (publicado no Journal of Cerebral Blood Flow and Metabolism, em 2001), David Attwell e Simon Laughlin demonstram igualmente como a energia metabólica é consumida diferencialmente por diferentes padrões de atividade neuronal, demonstrando 
o dinamismo neurológico que caracteriza o cérebro dos mamíferos. No artigo liderado por Derek Nee e intitulado Studying Mind and Brain with fMRI (publicado na revista Social Cognitive and Affective Neuroscience, em 2006) são revistos vários estudos que demonstram que muitos sistemas neuronais que compõem o cérebro humano estarão continuamente ativos em diferentes tipos de tarefas. Se considerarmos o que implica realizar tarefas tão simples quanto andar de bicicleta, por exemplo, toda uma série de processos cerebrais terão de estar ativos, desde codificar a intenção de realizar uma determinada ação a todos os programas motores que terão de ser coordenados. Este mito continua no entanto a ser perpetuado, mesmo no grande ecrã – recentemente, em 2014, o realizador Luc Besson lançou o seu filme de ficção científica Lucy, no qual Scarlett Johansson descobre o que significa utilizar 100% do seu cérebro. No que toca à ficção científica, este filme 
– e a limitação de utilização de 10% do nosso cérebro – é mesmo, mesmo, ficção.

 

4 É perigoso usar o telemóvel numa bomba de gasolina

O sinal de proibido usar telemóvel está em quase todas as bombas de gasolina e costuma ser respeitado. Afinal, não é brincadeira nenhuma, e quem quer arriscar desencadear uma explosão numa estação de serviço?

Os incêndios nas bombas de gasolina são um acidente raro, mas acontecem. Tudo indica é que pouco têm que ver com a radiação dos telemóveis. Num dos seus episódios mais emblemáticos, os protagonistas do programa de televisão do Discovery Channel, Myth Busters (em que se testa a validade de rumores e mitos urbanos) tentam a todo o custo provocar um incêndio com um telemóvel, sem sucesso. O mesmo aconteceu quando uma equipa do programa de televisão americano Good Morning America tentou a proeza. Aliás, não há qualquer registo de incêndios em bombas de gasolina causados pelo uso de um telemóvel no Petroleum Equipment Institute (organização americana da indústria do petróleo) – porque, na verdade, a radiação emitida é demasiado fraca para desencadear o que quer que seja, mesmo num ambiente inflamável, carregado de vapores de gasolina.

Mas enquanto se enche o tanque outra coisa pode surgir: a eletricidade estática – uma descarga elétrica resultante de um desequilíbrio de eletrões na superfície de um material, sendo a origem mais comum o contacto seguido de separação de materiais. A humidade do ar, a área de contacto e a velocidade da separação, tudo isto influencia o aparecimento da faísca. Quando se entra e sai do carro, com a sola do sapato a passar pelo tapete, pode gerar‑se eletricidade estática com uma intensidade de 10 a 20 mil volts, uma tensão suficiente para causar faísca e provocar um acidente. Só nos Estados Unidos da América, terão sido 158 casos, até 2017, de acordo com os dados do Petroleum Equipment Institute. Portanto, o melhor a fazer, quando está a abastecer, é evitar entrar e sair do carro a meio do processo. De acordo com a produção do programa Myth Busters, depois do dito episódio sobre fogos em bombas de gasolina, os acidentes diminuíram para um terço. Mesmo assim, não custa nada deixar o telefone no carro enquanto enche o depósito. Permite‑lhe estar mais atento à estática e, já agora, aos outros carros em circulação.

 

5 O frio provoca constipações

A sabedoria popular ensina‑nos, talvez não sem um toque de estranheza, que há mais do que uma maneira de esfolar um gato. No que toca a ficarmos doentes, existe todo um conjunto de ações e de procedimentos inadvertidos que – e aqui novamente segundo a sabedoria popular – poderá maximizar as nossas hipóteses de vir a ter um nariz ranhoso, resultar em doenças menores ou mesmo em complicações quase fatais. Por estas linhas, sermos expostos ao frio parece constituir o ingrediente principal no prato dos resfriados e das gripes. Até ao campo dos cuidados críticos este mito chega, como demonstra Kees Polderman no seu artigo Is Therapeutic Hypothermia Immunosuppressive – publicado na revista Critical Care em 2012 –, ao começar a sua introdução com a reserva confessa de que é tido por muitos que o frio pode resultar na contração de uma constipação. Mas será este um fator assim tão decisivo na nossa propensão para a constipação?

A resposta é bastante simples por um lado, e não tão simples por outro. Começando pela parte menos simples, devemos mencionar – tal como explicado na Harvard Health Letter, Out in the Cold, publicado online pela Harvard Medical School — que existem evidências de que a exposição ao frio pode suprimir o nosso sistema imunitário, facilitando assim a contração de doenças virais (no artigo acima, é feita inclusive a ligação entre longos períodos de frio e o aumento do número de mortes por doenças respiratórias que se segue; ou seja: ao provocar o enfraquecimento do nosso sistema imunitário, o frio pode ajudar à contração de doenças respiratórias).

No entanto, para os mais atentos, a frase que menciona a Harvard Health Letter contém um pormenor importante que nos leva à resposta mais simples: quer a gripe quer 
a constipação são provocadas por vírus (influenza, no caso da gripe e, no da constipação, maioritariamente rinovírus). A exposição ao frio, por 
si só, não resulta na contração 
de uma constipação se o agente viral responsável, o rinovírus, não estiver presente (a constipação pode ser provocada por uma série de vírus, mas o rinovírus continua a ser o principal agente viral causador da larga maioria das constipações em todos os grupos etários, como explicam Terho Heikkinen e Asko Järvinen no artigo de revisão The Common Cold, publicado na revista The Lancet, em 2003).

Curiosamente, em 2015, uma equipa de cientistas norte‑americanos demonstrou que o rinovírus se replica mais eficientemente nas temperaturas mais baixas da nossa cavidade nasal – rondando os 33°C 
– do que nos pulmões – onde 
a temperatura ronda os 37°C 
(no artigo Temperature‑dependent Innate Defense Against the Common Cold Virus Limits Viral Replication at Warm Temperature in Mouse Airway Cells, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences). Em resumo: embora não provoque constipações, pois apenas os agentes virais por elas responsáveis o poderão fazer, o frio não ajuda.

 

6 Einstein era mau aluno a Matemática

Usando apenas papel, caneta e a sua mente, Albert Einstein (1879‑1955) mudou a forma como vemos o mundo. Arquétipo de génio, Einstein mostrou em dez curtos anos, entre 1905 e 1915, que o fenómeno que conhecemos como gravidade é nada mais do que uma maior ou menor distorção no tecido da realidade (a “quadrimensionalidade” espaço‑tempo – altura, largura, profundidade e tempo), gravidade que pode ser imaginativamente visualizada por nós como uma esfera de metal que deforma uma película de borracha ao rolar sobre ela.

Ainda hoje, passados mais de cem anos após as suas retumbantes descobertas, a teoria da relatividade de Einstein continua a dar frutos. Recentemente, com a confirmação experimental da existência de ondas gravitacionais resultantes do choque 
de dois buracos negros muito distantes 
da Terra, ocorrido há muito tempo, os cientistas continuam a recolher dados experimentais que corroboram aquilo que Einstein tinha já posto como hipótese em 1916. (Curiosamente, foi pela descoberta da lei do efeito fotoelétrico, e não pela sua teoria da relatividade, que Einstein recebeu o Prémio Nobel da Física, 
em 1921. Já em 2017, Kip Thorne, Rainer Weiss e Barry Barish partilharam o Prémio Nobel da Física precisamente pelas suas contribuições para o desenvolvimento do LIGO – o Laser Interferometer Gravitational‑Wave Observatory, ou Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferómetro de Laser, o instrumento essencial a esta experiência – e pela subsequente deteção de ondas gravitacionais.)

Talvez por ser um símbolo de inteligência, 
e como aconteceu a muitos outros génios ao longo da História, a vida – e particularmente o percurso académico – de Einstein tem sido alvo de várias histórias, cada uma das quais acrescenta um ponto a uma existência já por 
si maior do que a vida.

Embora Einstein tenha aparentemente começado com alguns pormenores de desenvolvimento não particularmente auspiciosos (como o facto de ter iniciado 
a falar mais tarde do que o esperado, segundo nos conta o seu primeiro biógrafo, Carl Seelig, no livro Albert Einstein: A Documentary Biography, de 1956), um mito que tem circulado amplamente baseia‑se no quão mau Einstein era a Matemática, facto ainda mais improvável para um físico que mudou a Ciência com 
as suas formulações teóricas, das quais 
a Matemática foi a linguagem principal.
Segundo dados biográficos variados, Einstein não aparenta ter sido fã da memorização, mas, a Matemática, não teve significativas dificuldades. Segundo os Arquivos Albert Einstein em Israel, Einstein terá terminado o ensino secundário em 1896, com notas brilhantes a Física e a Matemática (mais precisamente 6 – a nota máxima – a Física, bem como a Álgebra e a Geometria), como demonstra o certificado emitido pela sua escola em Aarau, Suíça, a 3 de outubro desse mesmo ano. Curiosamente, ou não, Einstein terminou o ensino secundário com 3 (na mesma escala de 0 a 6) a Francês. Naturalmente, para alguém que descortinou os segredos do Universo com equações, a Matemática foi de facto a língua mais importante que Einstein precisou 
de dominar.

 

7 Beber vinho por cima de melancia para a digestão

Old Dogs, Children and Watermelon Wine”, já cantava Tom T. Hall em 1972. Por confortável que a música country esteja com esta combinação, pelo menos com a parte do vinho e melancia, muitos foram já os veraneantes que dela desconfiaram. Quantas não terão já sido as festas 
de verão em que um convidado de copo 
de vinho na mão passa a vista pela mesa 
e, ao olhar para a melancia, pesa gula contra risco e lança antes a mão livre às batatas fritas? Qual a razão por detrás deste medo 
e porque pensamos nós que juntar melancia e vinho resultará em morte certa? Este medo expressa‑se de diversas formas, sendo 
a mais famosa a mistura transformar‑se 
num rolhão no nosso estômago.

Este mito baseia‑se em grande medida na ideia de que o nosso organismo não é amigo de certas combinações alimentares, podendo algumas delas modificar quimicamente um dos alimentos combinados, e resultar assim em consequências digestivas menos positivas. A dietista Tamara Freuman dissipa muitos destes mitos no seu artigo Debunking the Myth of Food Combining, publicado 
no U.S. News & World Report, em 2015. 
Neste artigo, Freuman ecoa aquilo que 
a química alimentar nos ensina: que a grande maioria dos alimentos é quimicamente inerte e que, portanto, dificilmente conseguiremos fazer qualquer combinação alimentícia 
que seja letal. A página de wellness 
(ou «bem‑estar») da Universidade da Califórnia, em Berkeley (em colaboração com a sua escola de saúde pública), uma plataforma online que divulga informação sobre bem‑estar baseada em evidência, publicou igualmente um artigo em 2016 intitulado The Food‑Combining Myth, no qual realça o facto de o nosso sistema digestivo ser perfeitamente capaz de processar todo o tipo de combinações alimentares. Uma determinada combinação alimentar perfeitamente inofensiva para alguns poderá ser ligeiramente polémica para outros, porque todos temos fisiologias diferentes, mas não temamos brindar ao verão com 
um copo de vinho numa mão e uma fatia 
de melancia na outra.

Algumas combinações poderão ser aventurosas, mas dificilmente letais.

Publicado em 17 Abril 2018

Arquivo

2023

2022

2021

2019

2018

2017

Visite-nos em:

Revista Bang Instagram Nora Roberts facebook youtube
Amplitude Net - e-Business