Destemida - Opinião em Sabores e Dissabores Literários

Já previa que esta seria uma boa leitura nas suas primeiras páginas que desde logo nos revelam uma grande reviravolta na vida da nossa protagonista, levando-a a passar por experiências tão diferentes num espaço tão curto de tempo. Foi de facto uma jogada inteligente por parte da autora dar-nos tanta ação desde cedo, de modo a deixar-nos com aquela sensação de querer saber mais.

Este livro conta-nos a história de Fallon, filha de um rei celta, que está ansiosa por completar os seus 17 anos para conseguir integrar-se no grupo de guerreiros do seu pai, embora seja um lugar maioritariamente ocupado por homens, ela tem vindo a treinar bastante para conseguir ocupar esse lugar por mérito próprio. O que ela não espera é que o seu pai tenha outros planos para si, uma vez que a sua irmã mais velha – Sorcha - morreu exatamente por integrar nesse mesmo grupo acabando por deixar o pai pouco recetivo à ideia de deixar Fallon fazer o mesmo de modo a mantê-la em segurança e bem longe do campo de batalha.

O que ela não esperava era que essa noite que supostamente iria mudar a sua vida assim que ela conquistasse o lugar por que tanto lutara, mudou de facto a sua vida mas não da forma que ela esperava. O que acabou por acontecer foi que ela foi capturada por um ladrão de escravos, Charon, que posteriormente a viria a vender para uma escola de elite de gladiadoras em Roma, cujo o dono é mesmo Júlio César.

A forma como a autora nos foi descrevendo toda a viagem de Fallon e as restantes cativas até Roma foi de tal forma fascinante que a dada altura estamos tão absortos na história que nos sentimos quase lá e é inevitável não sentirmos vontade de visitar a cidade um dia. A viagem acaba por revelar-se atribulada e também decisiva no que a amizades futuras diz respeito, é a partir dali que Fallon estabelece duas das amizades que no futuro irão ser o seu pilar em momentos mais duros, embora ambas as amizades sejam estabelecidas de forma bem peculiar. Elka e Cai, as duas amizades a que refiro são duas personagens secundárias que não conseguem deixar indiferentes e a dada altura também damos por nós a torcer por eles, principalmente por Elka que também é uma prisioneira e futura gladiadora, assim como Fallon. Até Charon acabou por surpreender-me, inicialmente achei que as ideias dele para com Fallon eram outras, mas depois lá bem perto do final consegui entender as suas verdadeiras intenções e fiquei a torcer por vir a ter mais dele com outras personagens nos restantes livros da série o que honestamente não sei se acontecerá ou não.

Ao longo do livro vamos acompanhando todo o percurso de Fallon e é impossível não sentirmos empatia por esta personagem que vai além das amizades que vai fazendo pelo caminho, também são muitos os inimigos que vai estabelecendo e decerto que alguns deles vão estar presentes nos restantes livros da série o que me deixa ainda mais empolgada por eles. De princesa passou a prisioneiro e de prisioneira a gladiadora, lugar esse que só conseguiu conquistar por conta da sua irrevêrencia, luta e muito trabalho, já para não falar na sua evolução que está patente durante toda a narrativa do livro.

A escrita da autora é algo que joga bastante a seu favor, daí ter referido anteriormente que a dada altura senti-me de tal forma dentro da história que quase me senti na Roma antiga e até mesmo na arena com Fallon o que foi maravilhoso. É uma escrita envolvente e que, embora tenha alguma descrição, é aquele tipo de descrição que não se torna maçadora mas sim imprescindível para que consigamos viver todos aqueles detalhes e compreender de facto a história.

As reviravoltas e os segredos neste livro foram surpreendentes e o que mais gosto num livro é quando os escritores me conseguem surpreender e sem dúvida que Lesley conseguiu com todos aqueles segredos tão bem escondidos que infelizmente não posso nomear na minha opinião para não dar spoilers a ninguém, porque sem dúvida que esse é o ponto alto desta leitura.

Uma trilogia que promete vir a dar que falar e que espero sinceramente que tenha continuidade em português, porque de facto potencial não lhe falta e ainda temos pano para mangas nesta história.

Publicado em 17 Outubro 2018

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