Diário de Uma Obsessão - Crítica em Os Livros Nossos

Diário de Uma Obsessão é o romance de estreia da autora Claire Kendal. Trata-se de um thriller perturbador e inquietante, que consegue envolver-nos numa leitura compulsiva, levando-nos a facilmente empatizar com a protagonista, um jovem rapariga comum que irá ser alvo de uma perigosa obsessão por parte de um Professor da Universidade onde trabalha como Administrativa. 

A acção decorre em Inglaterra, mais precisamente em Bath, em Bristol, com uma breve sequência narrativa que decorre em Londres.

Clarissa Jane Bourne é uma jovem trabalhadora que reside perto do local de Trabalho – Uma Universidade em Bath. Encontra-se ainda fragilizada devido ao final de um relacionamento amoroso que manteve com Henry, um Professor Universitário Casado, que deixou a companhia da esposa para viver com Clarissa, o que leva a jovem a culpabilizar-se, e a sentir a perda de Henry (que de deslocou para dar aulas noutro local mais vantajoso) como uma punição pelo seu comportamento sujeito a julgamento moral negativo. Clarissa trava conhecimento com Rafe Solmes, um Professor de Inglês da Universidade onde a jovem trabalha, vendo-se arrastada para um envolvimento íntimo abusivo, por uma única vez, mas que levará a jovem a viver um verdadeiro pesadelo de perseguição e risco de vida.

Sentindo-se acossada e em perigo, tendo em conta que Rafe assume comportamentos e abordagens cada vez mais persistentes e insistentes, recusando a intenção de Clarissa em não manter com este um relacionamento afectivo, sente-se observada a todo o momento, e limitada no seu livre arbítrio, decidindo elaborar um diário onde regista todos os incidentes persecutórios, reunindo provas que permitam denunciar o seu perseguidor às autoridades policiais.

Enquanto assume o papel de vítima de perseguição, Clarissa é seleccionada para integrar um júri num julgamento por violação e maus tratos a uma jovem prostituta – Carlotta Lockyer, na companhia de outros 11 jurados, travando conhecimento com os colegas de júri e tornando-se mais próxima de Annie – uma mulher abandonada recentemente pelo marido e de Robert, um atraente e forte Bombeiro profissional pelo qual começa a sentir uma nítida atracção física e emocional.

A narrativa assume dois planos distintos, pelo que vamos assistindo à descrição das várias sessões de julgamento, e à dinâmica do relacionamento entre os membros do júri e os seus comentários e opiniões a propósito da prova que vai desfilando perante os seus olhos, assim como aos debates dos advogados de defesa e dos responsáveis pela acusação da Coroa. Noutro plano narrativo, acompanhamos o desenrolar do dia-a-dia de Clarissa, cada vez mais aterrorizada com a obsessão de Rafe para com a sua pessoa.

Surgem também dois narradores diferentes – se por um lado vamos acedendo ao Diário de Clarissa que relata na primeira pessoa, e em tom intimista o que lhe vai sucedendo, por outro, contamos também com relatos na terceira pessoa, por um narrador não participante.

Um outro detalhe que confere à obra um interesse acrescido é o facto de serem incluídas referências a diversos contos de fadas clássicos, sendo destacado o seu simbolismo com conotação menos positiva e mais violenta ou punitiva.

Claire Kendal consegue transportar o leitor para um ambiente sinistro, inquietante e deveras perturbador de uma mente perturbada e psicótica, sem uma noção clara da realidade e capaz de por em perigo o livre arbítrio e a autodeterminação da vítima, por isso, não de espante se der por si a suspeitar de que alguém está atento a cada passo que dá!

Viciante e recomendável aos adeptos de um bom thriller !

Publicado em 6 Novembro 2014

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