Diário de uma Obsessão - Crítica em Segredo dos Livros



Dramas psicológicos? Contem comigo! É um dos meus géneros literários favoritos e, se bem escritos, prendem-me do início ao fim. Crio inúmeras teorias e tento juntar todas as peças, a fim de compreender como será o final da narrativa. Esse foi o grande motivo para começar a ler este livro. Só olhando para o título, a curiosidade já tinha vencido. E, ao ler a sinopse, não consegui de forma alguma resistir.

Claire gosta da sua vida. Tem um bom trabalho, uma vida sossegada e tudo parece correr na perfeição, até começar a receber atenções indesejadas de um dos seus colegas de trabalho. Rafe é uma pessoas muito estranha. Sempre atento a todos os gestos de Claire, esta começa a ficar ainda mais assustada quando repara na perseguição constante e na criação de uma história juntos que não existia.

Quando Claire é escolhida como jurada num julgamento de assédio, violação e assassínio, fica feliz por conseguir alguns dias fora do seu local de trabalho e longe de Rafe, que está mais estranho do que nunca. Mas, quando começa a encontrar Rafe encostado à sua porta de casa logo de manhãzinha, encontrando-o nos mesmos sítios por onde é costume passar, compreende que tudo é pior do que inicialmente pensava. Rafe não a perseguia apenas no trabalho, Rafe sabia como ela reagia a tudo na sua vida, os seus lugares favoritos, a sua rotina diária. Decidida a juntar o maior número de provas possíveis antes de fazer o que quer que fosse, Claire vive num verdadeiro inferno e começa a compreender que o caso a que assiste como jurada, é muito parecido com o seu, acabando este em homicídio...

Para começar, acho que a editora não deveria ter comparado este romance ao "Em Parte Incerta". Na verdade, é um livro negro em que acabamos por encontrar personagens que acham que aqueles que amam lhes pertencem, mas é totalmente diferente. A autora de "Diário de uma Obsessão" tem uma escrita fluída, negra e que prende o autor de uma ponta à outra. Foi muito inteligente da sua parte intercalar o diário que Claire mantinha, para ter frescas na memória todas as loucas ações que partiam de Rafe, com uma narrativa mais distante, em que seguimos Claire como uma mera expetadora e não na sua pele.

Além deste truque inteligente, a autora conseguiu adoptar outro de que gostei ainda mais. Para além de seguirmos a história desesperante de Claire, seguimos o caso de que esta é jurada. Um caso em que uma antiga prostituta conta como foi violada e maltrata, contra a sua vontade, e quase morta. Um caso cujos advogados de acusação acabam por virar contra a mesma, fazendo-a parecer a má da fita e a tirana em toda a história. As histórias de Claire e da arguida acabam por ser muitíssimo parecidas e, através do que se fala e pensa no tribunal, podemos ver a reação de pessoas que nunca sofreram esse tipo de abusos e perseguição, ser inversa da reação de Claire, que sente diariamente na pele o que é ser perseguida, vigiada e até maltratada.

Foi um livro que me surpreendeu imenso. As personagens foram extremamente bem exploradas e acabamos por conhecê-las melhor do que a nós próprios. Embora Rafe tenha sido o "mau da fita", foi uma das personagens que mais me prendeu e achei-o absolutamente maravilhoso no seu papel. A autora conseguiu criar um vilão obsessivo, cujas ações acabam todas por ter um determinado fim em mente. Claire é uma personagem que facilmente é transferida para a vida real, podendo representar muitas mulheres que sofrem do mesmo mal, mas que têm receio de contar a verdade e serem elas mesmas motivo de chacota, acabando por serem consideradas as culpadas de serem constantemente perseguidas e assediadas.

Uma narrativa muito bem escrita, com personagens viciantes, e uma história muito obscura, mas que tem contornos baseados na realidade de muitas pessoas. Aconselho!

Publicado em 15 Dezembro 2014

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