Dragões de um Crepúsculo de Outono - Crítica em O Sofá dos Livros
Este é o primeiro volume de uma série que já é famosa e tem milhares de fãs, um pouco por todo o mundo, “As Crónicas de Dragonlance”. Este foi o meu primeiro contacto com esta série, nunca a li, nem mesmo em inglês, por isso era terreno novo para desbravar, como se diz habitualmente. Mas, rapidamente fui conquistada pela história e o seu ritmo. Motivo pelo qual muitos apreciadores de fantasia aderiram a esta saga. No final do livro fica uma questão, será que as autoras conseguirão manter o ritmo por toda a saga ou será que este abrandará? É um problema com as sagas e trilogias, é o abrandamento deste e acabam por arrastar a história com momentos parados e de descrição longa.
Para já o ritmo acelerado do livro não dá espaço para o leitor respirar colocando as personagens sempre em xeque e viciando assim os leitores que querem saber o que lhes vai acontecer de seguida e como vão sair dessa situação.
Esta saga tem muitos dos elementos clássicos utilizados na fantasia clássica, mantendo os mesmos clichés e não quebrando tabus antigos. Isto não deve ser tomado como um ponto negativo, pois poucos livros fugiriam ao clássico.
Apesar das semelhanças nas bases, este livro é bastante original. As personagens são cativantes e ganham vida própria ao avançarmos nas páginas e capítulos do romance. Algumas delas são extremamente afáveis e outras deixam-nos desconfiados, como se estivessem a esconder alguma coisa. Rastlin é a personagem de quem eu mais desconfio e que acho que tem um lado negro secreto, o qual está prestes a ser revelado, talvez por uma traição, não sei, nem neste livro, isso é revelado. Mas que ele esconde algo, isso é certo, falta é saber o quê? É muito misterioso e enigmático. O facto de ele utilizar magia, ou melhor dizendo, ser um mago, não o torna todo-poderoso, pelo contrário, esta drena as suas energias deixando-o à mercê do inimigo e precisa da constante protecção de Caramon. A personagem que achei mais engraçada foi mesmo o kender, Tas, sendo o mais pequeno deles, tem uma alegria muito própria e uma forma muito interessante de ver a vida e de encarar os desafios. Um dos mais corajosos de todo o livro, ou será apenas resultado da sua própria natureza, acaba por salvar os seu amigos de situações complicadas. Existem muitas mais personagens a mencionar e a explorar, mas se falar de todas ao pormenor nunca mais terminava a crítica. Por isso, devo dizer que todas as personagens são dignas de nota e acabam por ganhar vida própria que transcende a que se encontra no papel.
Conforme avançamos, verificamos que muitos personagens têm um passado comum, uma história que partilharam e que ainda não foi totalmente revelada. Isto é claro quando em certas partes do discurso eles falam desses episódios com um certo humor à mistura. Essa união aumenta, especialmente com os novos membros do círculo, impulsionada pela luta pela sobrevivência e pela liberdade.
Os diálogos entre as diversas personagens revelam o humor e a confiança de velhos amigos que se reúnem ao final de muitos anos:
- Tanis? – indagou Flint, hesitante, enquanto o homem se aproximava.
- O próprio – e o rosto barbudo do recém-chegado abriu-se num enorme sorriso. Ficou de braços abertos e, antes que o anão pudesse impedi-lo, agarrou Flint num abraço que o levantou do chão. O anão abraçou também o velho amigo contra si durante um breve momento, e depois, lembrando-se da sua dignidade, sacudiu-se e libertou-se do abraço do meio elfo.
- Bom, não aprendeste boas maneiras nestes cinco anos – resmungou o anão. – Continuas a não respeitar a minha idade nem a minha posição. Erguer-me como um saco de batatas! – Flint olhou para a estrada mais abaixo. – Espero que ninguém tenha visto.
Este é um dos imensos exemplos desta cumplicidade que se repetem ao longo do livro. E que dão uma enorme familiaridade entre as personagens e criam teias de amizade entre elas.
É um livro que está bastante interessante, viciante e que nos faz desejar pelo próximo volume. Deixando bastantes perguntas em aberto, aumentando assim a curiosidade do leitor. Os diálogos rápidos e familiares entre as personagens dão ao leitor um vislumbre das relações entre estas e dos sentimentos que nutrem entre si. As descrições são rápidas e concisas, indo directamente ao assunto sem o uso de grandes floreados, o que facilita a manutenção do ritmo da história.
Pessoalmente, aguardo pelo próximo número desta saga que é ideal para quem gosta de fantasia.
Publicado em 23 Janeiro 2014