Dragões de uma Noite de Inverno - Crítica no blogue Ler y Criticar

Muitas trilogias têm no seu segundo livro, o mais fraco. Este não é o caso. O 2º livro da saga Dragonlance consegue melhorar quase todos os aspetos do livro anterior. É mais coerente, mais sólido, mais adulto e mais inteligente.
O primeiro livro foi uma leitura interessante, com personagens fáceis de gostar e um ritmo que não nos deixava parar de ler. Por outro lado apresentava um mundo que tem por base vários dos clichés da fantasia que Tolkien tornou famosos. Neste segundo livro esses clichés persistem, mas já não são a base, e como tal, deixam  de ter a importância e visibilidade que existia no anterior. Isto deve-se bastante ao alargar de visão que temos em relação ao mundo. No primeiro livro, seguimos sempre todo o grupo, que agora se espalha, e a "nossa visão" vai saltando entre locais e culturas, tornando todo o contexto mais sólido.
Por outro lado, existe uma diferença na atitude dos autores em relação à forma de como nos contam a história. No primeiro livro a narrativa serviu essencialmente (mas não totalmente) para nos explicar o que não sabíamos, enquanto que agora serve para nos mostrar que ainda há muito que não sabemos. A personagem Raistlin é o exemplo óbvio disso, mas não é a única. O ritmo continua rápido e a narrativa objetiva ajuda a que nos foquemos no enredo e no que está para vir. E pelo meio, algumas surpresas!
Em relação às personagens, é preciso notar que todas elas ganham com a separação do grupo. Quando estavam todos juntos, por vezes até nos esquecíamos de algumas, pois é impossível colocá-las ao mesmo tempo a falar ou  a "dividir" a ação. Separadas toda a narrativa se torna mais coerente e as personagens ganham o "tempo de antena" necessário para se mostrarem e começarmos a gostar das mesmas. Claro que esta divisão também dá a noção que a narrativa pode estar a ser cortada, ou que faltam partes, principalmente porque existem saltos temporais, mas foi um problema para mim.
Claro que Raistlin continua a ser a personagem que faz a história andar, e é também quem agarra o leitor, pois fica sempre a dúvida nas suas falas, e nada melhor do que um enigma para o leitor continuar a ler. No entanto, é impossível não gostar de outras, como por exemplo Fizban ou Tass, que ao ganharem protagonismo, tornam o livro mais cómico e agradável, e conseguem criar a ponte necessária na narrativa para conhecermos outras (por exemplo, Flint ganha imenso com a maior visibilidade de Tass).
A maior surpresa neste livro está no crescimento que teve em relação ao anterior. A escrita é muito mais madura, e apesar de existir um ou outro momento em que eu pedia uma aproximação mais forte sobre um tema, no geral, o livro deixa para trás o seu" ar mais juvenil" e torna-se mais adulto, e senti que começam a existir consequência para os atos das personagens. A juntar a este amadurecimento da narrativa e diálogos, está também o facto de o enredo ser mais negro e agradou-me bastante.
Falta apenas um livro e por isso não me alongo. O caminho seguido pela série é o acertado, na minha opinião. O ritmo e personagens viciam e a maturidade dá um novo prazer ao leitor. Muito está por explicar e o final deste livro deixa muitas hipóteses no ar. Para já, não é uma saga que seja imediatamente uma obra-prima nem será, certamente, algo de revolucionário para quem leia agora (este livros têm quase 30 anos e desde então muito se copiou), mas é uma boa saga para quem gosta do género ou queira iniciar-se na fantasia. Fica por saber se o último livro consegue fechar esta saga em grande.
Publicado em 27 Junho 2013

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