E Se Fosse um Anjo - Crítica em A Magia dos Livros

Keith Donohue é um escritor americano, que tirou um bacharelato e mestrado na Universidade de Duquesne e se doutorou em Inglês e Literatura pela Universidade Católica da América. O escritor trabalhou até 1998 no National Endowment of the Arts e redigiu alguns discursos para presidentes como John Frohnmayer e Jane Alexander. O autor, que foi seleccionado e recomendado pela “Associação de Livreiros Independentes da América”, publicou o seu aclamado romance, “A Criança Roubada”, em 2006, que foi inspirado num poema de Yeats e o seu segundo volume, “E se Fosse um Anjo”, em Março de 2009, tendo sido traduzido no presente ano em Portugal. Em “E Se Fosse um Anjo”, a filha de Margaret, Erica, desapareceu faz dez anos e desde então que a sua mãe vive com a dor da sua falta. Numa certa noite uma criança bate à porta de Margaret e ela acolhe-a, fingindo tratar-se da sua neta, de modo a que a vizinhança não estranhe e denuncie o surgimento desta criança desconhecida. Apesar do seu estranho aparecimento, Norah mostra ser uma criança portadora de uma inteligência e bondade sem precedentes, melhorando a vida de Margaret e de uma criança da aldeia. Contudo, certo dia Norah começa a fazer e proclamar coisas estranhas, como afirmar ser um anjo, e tudo começa a mudar na vida dos que a rodeiam. Desde que tive a possibilidade de ler a sinopse desta obra que fiquei curiosa com a mesma, uma vez que parecia conter como tema central os anjos e haver um certo mistério e suspense em torno da história, pelo que foi com alguma curiosidade que embrenhei nesta leitura. Começo por afirmar que a premissa da obra é um pouco enganadora, pois desde o primeiro instante que Margaret sabe que Norah não é sua neta, a única coisa que sabe é que naquela noite ela apareceu à sua porta, não sabendo nada sobre as suas origens.  Confesso que apreciei esta obra. Penso que nos encontramos perante uma obra bastante singular, que aprendemos a gostar a cada virar de página. Trata-se de um livro introspectivo, com um ritmo, que poderá ser encarado por alguns como sendo demasiado lento, que nos coloca a pensar e que nos faz questionar sobre as verdadeiras origens de Norah, sem que, contudo, nos sejam efectivamente dadas certezas sobre quem é esta menina. Um dos aspectos que mais apreciei na obra foi o facto de demonstrar como a perda de alguém que amamos nos desgasta, nos faz perder a orientação e como, por vezes, nos agarramos a pequenas coisas, a certas pessoas, a certos acontecimentos para superar essa dor. Encarei a pequena Norah como sendo aquilo que Margaret precisava naquele momento, alguém que ela pudesse amar e que a amasse igualmente, alguém que ela pudesse cuidar e acarinhar, como em tempos lhe foi negado, com o desaparecimento da sua filha. Margaret encontrava-se desde o desaparecimento de Erica sem alegria de viver, centrada muito no seu mundo, não criando laços reais com ninguém e a pequena Norah aparece na sua vida, quase como um anjo, mostrando-lhe quão boa poderá ser a vida, como ainda existem coisas pelas quais lutar. Relativamente às personagens, apreciei a pequena Norah, por todo o misticismo em volta dela, pela sua magia, a forma como conseguia tocar a vida de tantas pessoas e de marcar a diferença, apesar da sua tenra idade. Apreciei igualmente o seu talento, a sua maturidade e inteligência, sendo uma personagem que é muito misteriosa e cativante, que nos prende desde o primeiro instante. Gostei igualmente de Margaret, pois mostrou ser uma personagem bastante humana, com um passado que a moldou, sendo uma pessoa fantástica. Numa narrativa algo lenta e introspectiva, onde existem saltos temporais, entre o passado e o presente, que nos permitem conhecer o passado de Erica, Keith Donohue apresenta-nos uma obra sobre amor, perda, perdão e recomeços. Demonstrando que nunca é tarde para sermos felizes e para procurarmos as pessoas que amamos. Em suma, não posso afirmar que recomende este livro a todos, pois acredito que poderá não preencher as medidas daqueles que não gostem de livros introspectivos, onde existem muitas suposições, mas poucos dados concretos, porém foi uma obra que apreciei, que aprendi a gostar um pouco mais a cada virar de página, sendo uma obra para degustar.

Publicado em 10 Dezembro 2013

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