Entrevista exclusiva a Claire Kendal autora de Diário de uma Obsessão


 

Diário de Uma Obsessão é a história de Clarissa, uma mulher que é vítima de perseguição. Ela tem muito bons motivos para sentir que precisa de boas provas – e muitas provas – antes do sistema policial e judicial a poderem ajudar. Assim sendo, guarda todos os presentes indesejados que este homem lhe oferece, descreve todos os encontros que tem com ele num caderno, endereçando-lhos. Creio que muitos saberão o que é ser objeto de uma atenção excessiva, indesejada… e perigosa. Felizmente que não será habitualmente tão extremo quanto o que sucede a Clarissa. Porém o que lhe acontece poderá acontecer a qualquer um de nós.

Lucy Walton: Este é o seu primeiro romance, a sua escrita terá sido idêntica àquilo que imaginava que seria?

Claire Kendal: Escrever Diário de Uma Obsessão foi uma experiência intensamente viciante. Eu começava por fazer café e apenas me sentava para escrever algumas frases enquanto o leite ia aquecendo, mas acabava invariavelmente por verter de tanto ferver, pois eu ficava imersa na história e esquecia-me do que tinha deixado ao lume. Espero que os leitores o achem tão empolgante a ler como eu achei ao escrevê-lo. 

Lucy Walton: Este romance foi sujeito a leilões com propostas de seis algarismos, pode falar-nos um pouco sobre isto?

Claire Kendal: A minha agência enviou Diário de Uma Obsessão aos editores numa sexta-feira à noite e de imediato me acautelaram que poderia demorar algumas semanas primeiro que recebêssemos algum comentário ao livro. Segui o conselho e passei o fim-de-semana a tentar não pensar no facto de os editores poderem estar a lê-lo naquele momento. Eu lembro-me de pensar Por favor, deixem que apenas um deles goste. Mas na segunda-feira, as propostas de publicação inundaram desde agências britânicas a outras partes do mundo. Eu fiquei radiantes mas também um pouco chocada – acordava várias vezes a meio da noite com o meu coração a querer saltar. Foi uma altura extraordinária, com tudo a acontecer tão rapidamente que eu mal conseguia acreditar. Depois de anos a receber vários romances meus recusados, não tinha previsto isto.

Lucy Walton: Conta-nos um pouco da personagem da Clarissa.

Claire Kendal: Ela tem 38 anos e trabalha como administrativa de uma universidade. Ela e o seu namorado separaram-se depois de tratamentos de fertilidade fracassados. Tornou-se, portanto, bastante solitária. As suas paixões são costurar e ler. É muito humana, muito frágil, comete erros como todos nós. Mas eu creio que ela é incrivelmente corajosa e mesmo com as suas falhas e defeitos é lindíssima por dentro e por fora, pelo menos para mim – naquele sentido de conto de fadas em que a beleza real é muito mais profunda do que a aparência física. Ela é forçada a ser menos afável e cordial à medida que o romance avança. É forçada a lutar. E recusa-se a ser a única sob o olhar de alguém – isto é, muda o jogo e começa a investigar Rafe, numa tentativa de aprender ou apreender algo que a possa ajudar. Eu sinto-me encantada por ela e espero que os leitores também se sintam assim.

Lucy Walton: Com a ascensão em potência das redes sociais, o seu livro está muito bem adaptado ao seu tempo – foi algo que quis destacar no romance?

Claire Kendal: A perda de privacidade de Clarissa é muito perturbadora. Faz parte do seu carácter não revelar demasiado dela própria num fórum público. Ela reconhece que, por muito cuidadosa que seja, é bastante fácil haver fugas de informação pessoal que estão fora do controlo de cada um. Rafe está muito mais interessado na presença física de Clarissa do que na virtual, porém ele é perspicaz o suficiente para se assegurar que, se algo houver para aprender da Clarissa, é através da procura de informações suas nos motores de busca, que ele encontra e explora. Clarissa acaba por perceber que também percebe as regras desse jogo. Apesar do medo de que as suas informações pessoais possam circular à volta do mundo, ela é esperta o suficiente para utilizar a Internet a seu favor, defendendo-se.

Lucy Walton: De que forma se sente atraída pelo thriller psicológico?

Claire Kendal: Adoro a sua intensidade, e na forma como deixa o leitor entrar dentro da pele de alguém que vive um cenário ou posição extremas. Eu tentei escrever o Diário de Uma Obsessão de uma forma muito imediata, para que o leitor se sinta quase no lugar de Clarissa e sinta o seu terror e procura frenética de formas de se defender. Eu queria acelerar a ação e aumentar os riscos a cada capítulo – o thriller psicológico convida mesmo a isso. Além disso, o thriller é um excelente modo de exploração dos assuntos e coisas que realmente interessam, de problemas reais com os quais as pessoas se confrontam todos os dias. Mas no thriller psicológico as coisas sucedem-se na sua forma mais completa e absoluta. Outra coisa importante para mim enquanto romancista é a complexidade moral e emocional que o thriller psicológico te oferece… Os leitores não irão concordar com todas as ações e atitudes que Clarissa tem – espero mesmo que eles se perguntem o que fariam se estivessem no lugar dela.

Lucy Walton: O que se segue?

Claire Kendal: Estou muito entusiasmada que o Diário de uma Obsessão já esteja na mão dos leitores no Reino Unido. Vai aparecendo noutros países e idiomas ao longo dos próximos meses. Tudo isto me parece magnífico! E encontro-me na fase inicial do meu próximo romance, o que é uma fase especial para mim, mas que guardo secretamente.

 

Por Lucy Walton para www.femalefirst.co.uk.
Fonte: http://www.femalefirst.co.uk/books/the-book-of-you-claire-kendal-449347.html#ixzz3D1XHISc0

 

Publicado em 17 Setembro 2014

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