Entrevista a Randall Munroe autor de "E Se... ?"



Nunca há perguntas simples
Perguntas simples podem dar origem a respostas muito complicadas. Por exemplo: e se todos tivessem apenas uma alma gémea – uma pessoa aleatória em algum lugar do mundo? Poderiam alguma vez encontrar-se?

“Sabes, houve muito mais pessoas vivas dantes do que as que há vivas agora. Assim sendo, se a tua alma gémea é aleatoriamente escolhida dentre todos os seres humanos, será então provavelmente alguém já morto ou que não nasceu ainda.”

Os teoremas do amor
Diz-nos Randall Munroe enquanto conversa com Lynn Neary da NPR (Munroe tem o seu ganha-pão na vida respondendo a perguntas como esta). Para simplificar o problema, ele indica que teremos que estreitar a população elegível para esta equação àqueles que se encontram em faixas etárias idênticas. Mas mesmo assumindo que o amor à primeira vista acontece, Munroe explica que os resultados são mínimos para que tal aconteça:

“Supondo que cruzas o teu olhar com uma média de doze estranhos por dia… se 10% desses estranhos têm uma idade próxima à tua, isso equivale a 50,000 pessoas numa vida”, escreve Munroe, “Tendo em conta que tens 500,000,000 potenciais almas gémeas, significa que só encontrarás o teu verdadeiro e único amor numa vida em cada 10,000 vidas.”

“Imaginei um sistema em que todos caminhassem uma passadeira rolante e tivessem que passar uns pelos outros. Qualquer coisa como conseguir que toda a população da Terra se cruzasse e fizesse contacto visual, tendo apenas um momento para decidir: ‘Sim. Sim. Não. Não. Sim. Não. Não. Não.’”

Claro que isto levaria algum tempo. “Se todos passássemos oito horas por dia, 365 dias por ano nisto, conseguiríamos, em teoria, fazer parelhas de cada um de nós com a sua alma gémea dentro de algumas décadas.”

Quais as melhores perguntas disparatadas
“Algumas das minhas perguntas preferidas são colocadas por pais em nome dos filhos pequenos. …Por vezes creio que as perguntas dos adultos tendem a parecer-se mais com uma palhaçada ou uma brincadeira, mas os miúdos fazem perguntas muito simples que por vezes têm consequências surpreendentes.”

“Como uma vez um indivíduo me escreveu: «A minha filha quer construir um edifício de um bilião de andares. Ainda não consegui convencê-la de que não é possível, pode ser que consiga persuadi-la.» Assim escrevi um artigo a explicar à filha desse indivíduo que se tentarmos construir um edifício cada vez mais alto, eis alguns problemas com os quais teremos de nos deparar: ficará tão alto que colapsa, mas depois teremos que ver formas de o construir mais sólido e mais resistente; mas depois torna-se tão alto que perfura a atmosfera e os satélites espaciais começam a colidir com ele. Ou seja, há toda uma etapa de ideias da física interessantes que explicam o porquê e como que tornam cativante qualquer coisa, mesmo a pergunta mais disparatada.”

Sobre se as respostas científicas retiram a diversão à fantasia da pergunta

“Penso que com um edifício de um bilião de andares haverá alguns problemas de logística com os quais nos deparamos. Porém, simultaneamente conseguiremos imaginar estações de órbita e o edifício a ser construído cada vez mais alto com os cabos de alta tensão e os elevadores de alta velocidade… no fim, acabamos por imaginar e pintar uma imagem muito mais louca do que aquela que pensámos inicialmente somente com a pergunta, e isso torna o desafio muito mais excitante e quase, diria eu, romântico.”

Nas perguntas “estranhas e impressionantes” que ele inclui no livro mas não responde, como por exemplo “Quão rápido teria uma pessoa de correr para ser cortada ao meio pelo umbigo com uma corda de cortar queijo?”

“Pois, isso está na categoria das perguntas às quais não respondo porque não quero pensar nisso – a minha pele arrepia-se só de imaginar. Uma pergunta do género que já me foi colocada: «Quão frios teriam de estar os dentes para que uma chávena de café fervente os quebrasse ao primeiro contacto?» Esta é uma pergunta que não consigo responder, pois fico bloqueado na primeira imagem mental. Brrr.”

Sobre as suas próprias perguntas “E se…?”

“Olho para um estúdio e penso: «E se eu inundasse o estúdio com água, será que as janelas seriam suficientemente resistentes…» Ou ainda, quantas bolas seriam necessárias se quiséssemos fazer aí uma piscina de bolas? Quanto custaria?”

Publicado em 20 Fevereiro 2015

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