Entrevista a Sherrilyn Kenyon por Crescent Blues

Entrevista a Sherrilyn Kenyon
A série Predador da Noite de Sherrilyn Kenyon teve imenso impacto numa nova geração de leitores de fantasia. A abordagem original de Kenyon ao mito do vampiro deve tanto a antigas lendas gregas sedutoras e à destruição da Atlântida, como ao romance icónico de Bram Stoker.
Ao mesmo tempo, o mundo altamente elaborado convida a comparações ao que de melhor se tem feito na fantasia épica atual. Mas as fantasias em torno de Predador da Noite ocupam apenas uma das muitas vidas imaginativas de Kenyon. Como Kinley MacGregor ela recorre ao seu doutoramento em história para escrever romances históricos mais tradicionais. As palavras-chave aqui são «mais tradicionais». Não importa o nome que use, a escritora prolífica tenta sempre o seu melhor e escrever «fora da caixa».

Crescent Blues: A história de fundo de O Predador da Noite envolve mitos gregos e lendas medievais. O que a inspirou a criar o conceito, e quanto tempo levou para o estabelecer?
SK: Eu cresci a ler mitos e literatura de horror. A minha mãe é a maior fã de horror do mundo. Por isso, vampiros eram como uma extensão natural da minha família, e eu sou instintivamente curiosa. Desde o berço que conheço as lendas de vampiros, e à medida que cresci, pesquisei muito mais. Algo que sempre achei muito intrigante é o facto de a maioria das lendas de vampiros e lobisomens remontarem à Grécia Antiga. Claro que a maioria da nossa literatura também, faz sentido. E a historiadora em mim acredita: TODAS as histórias antigas têm uma ponta de verdade. Ergo, Atlântida, Troia, etc. Todas aconteceram. Mas o que terá realmente acontecido? Pegamos nos fragmentos e construímos uma história à sua volta. No meu caso, liguei o vampirismo à Atlântida – o que em si não é muito original, mas fiz com que os panteões gregos e os da Atlântida lutassem por poder, e usei as suas guerras para alimentar o meu próprio mito. Tive de inventar um panteão inteiro de deuses da Atlântida mas foi divertido! Passei grande parte da minha vida inundada por histórias antigas e medievais. Sempre me senti fascinada com a forma como os gregos descrevem os seus deuses e como os deuses se adaptam às histórias que querem contar. Nunca teria sido capaz de fazer aquilo que fiz na série Predador da Noite sem a minha formação em Homero, Platão, Hesíodo, Heródoto, Sófocles, Aristóteles, Ésquilo, etc.. A inspiração para a série surgiu nos anos oitenta quando trabalhava para uma pequena editora de ficção científica e fantasia, Cutting Edge. O meu patrão queria que fosse criada uma série que potenciasse vendas e encarregou-me disso. Já convivia há anos com as personagens originais, Acheron, Kyrian, Talon e decidi juntá-los para uma única série. Queria uma série de heróis com um vasto legado histórico que me permitisse expandir a série e queria poder acrescentar mais personagens para que o leitor não ficasse aborrecido.

Crescent Blues: O grande esforço que dedica à construção do mundo rivaliza com o esforço despendido por muitas séries de fantasia épica.  Como é que não se perde no seu mundo?
SK: Está tudo na minha cabeça. Há muito mais do universo do que aquilo que já foi mostrado, ainda só viram a ponta do icebergue. Sei tudo sobre os livros, sei citar de cor diálogos de livros que ainda não foram escritos. Conheço todas as facetas e detalhes sobre eles e o mundo a que pertencem – Urian, Stryker, Renegade, Acheron, Zoe, etc.

Crescent Blues: Acha que estamos a assistir a um novo tipo de convergência entre dois géneros, a fantasia e o romance?
SK: Penso que sempre houve fantasia em romance e romance em fantasia. Não vejo nenhuma diferença agora em relação àquilo que lia dos géneros há vinte anos.

Crescent Blues: Quão importantes têm sido os sites de Sherrilyn Kenyon e Kinley MacGregor em promover as séries e desenvolver a sua carreira?
SK: Têm sido extremamente importantes. Permitem-me alcançar o leitor, fazê-lo sentir-se mais próximo aos livros e interessar-se mais por eles.
 
Crescent Blues: Começou a sua carreira nos anos noventa com alguns romances paranormais bem-sucedidos, e depois mudou de nome e género. O que provocou esta mudança?
SK: Sempre escrevi romances históricos, bem como paranormais. Quando os paranormais vendiam, ninguém queria os históricos. Depois fui forçada a uma pausa após a Leisure ter recusado a série Predador da Noite. Durante quatro anos, escrevi todo o tipo de subgéneros em romance e submeti-os vezes sem conta. Foram quatro anos difíceis de rejeições e a pensar porque é que nunca desisti, mas acreditava nos meus livros e na minha escrita e persisti. Os livros com o pseudónimo Kinley foram os primeiros a ser aceites, mas nunca desisti da série
Predador da Noite.

Crescent Blues: Como é que conseguiu voltar a escrever livros paranormais?
SK: Nunca desisti realmente. Escrevia esses livros ao mesmo tempo que os históricos. Depois de ganhar alguma reputação como Kinley, implorei à minha agente que desse uma olhadela ao Amante de Sonho. Ela submeteu-o, e a St. Martins comprou-o.

Crescent Blues: Porque acha que foi tão difícil publicar Amante de Sonho?
SK: Hmmm… um antigo general grego amaldiçoado por um deus grego e encerrado num pergaminho para passar a eternidade como um escravo sexual durante um mês de qualquer mulher que o convoque… Sinceramente, não consigo imaginar tal coisa. Penso que era uma história muito diferente de tudo o resto que andava a ser feito. Eu escrevo de uma forma divertida e ligeira enquanto a maioria dos paranormais, especialmente nos anos noventa, eram sombrios e tenebrosos. Os editores não sabiam o que fazer com aquilo.

Crescent Blues: Obviamente que os leitores não tiveram dificuldades em aceitar o livro, uma vez que Amante de Sonho ganhou imensos prémios e nomeações. Porque acha que é um livro tão apelativo aos leitores de romances?
SK: Acho que está relacionado com o facto de ser tão diferente. Penso que os leitores reagem ao equilíbrio entre luz e escuridão num livro e eles não querem apenas um ou o outro.

Crescent Blues: Como é que uma professora de história acaba a escrever fantasia? Ou escolheu formar-se em história para ajudá-la a escrever fantasia?
SK: Publiquei a minha primeira história de fantasia aos catorze anos. Escrevi fantasia toda a minha vida, mas sabia que a escrita não me poderia sustentar. Mas aprendi rapidamente que o ensino também não me iria sustentar, então mudei-me para informática que pagava muito mais do que ambos.

Crescent Blues: Olhando para trás para a sua carreira, como é considera que a sua escrita e temáticas evoluíram ao longo dos anos?  
SK: Definitivamente a minha escrita tornou-se mais apurada, e gosto de pensar que evolui em cada livro que escrevi. A única coisa que terá mudado é a forma como passei a lidar com as cenas de sexo. Tinha apenas vinte e quatro anos quando vendi o meu primeiro romance e nessa altura era uma noviça em muitas matérias. À medida que fui envelhecendo, tornei-me mais confortável comigo própria.

Crescent Blues: Qual é o conselho que gostaria de partilhar com aspirantes a escritores?
SK: Nunca desistam, jamais se rendam. Acreditem sempre em vocês próprios e nas vossas personagens. Nunca deixem que alguém diga que não merecem aquilo que querem porque na verdade merecem.

Fonte: http://www.crescentblues.com/6_8issue/int_kenyon.shtml
Publicado em 14 Agosto 2015

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