Entrevista a Sónia Louro no blogue Entre Páginas e Palavras
Depois de “Amália – O Romance da Sua Vida”, Sónia Louro chegou às livrarias com a sua mais recente obra, “Fernando Pessoa – O Romance”. Perante a excelente recepção que o livro tem recebido, o “Entre Páginas e Palavras” teve a oportunidade de entrevistar a autora que, corajosamente, assumiu a difícil tarefa de entrar na mente de Fernando Pessoa.
- Sendo licenciada em Biologia Marinha, como surgiu a paixão pela literatura e a ideia de escrever um livro?
Foi mais ao contrário. Mesmo antes de saber ler e escrever os livros encantavam-me e comecei a escrever assim que o soube fazer. Depois, optei pelas ciências porque gosto da natureza e queria ser bióloga.
- Uma das características dos seus livros é o assumir a pele de personalidades ligadas à história portuguesa. Porquê esse interesse?
Nem sempre escrevo na primeira pessoa. O Cônsul Desobediente e Amália, por exemplo, são escritos na terceira pessoa. Mas o meu interesse nas personalidades que escolho está relacionado com aquilo que fizeram e/ou algum traço da sua personalidade que me encanta.
- Já abordou nos seus livros personalidades como Amália Rodrigues e D. Sebastião, entre outros. Porquê, neste seu último livro, a escolha de Fernando Pessoa?
Fernando Pessoa tinha uma personalidade complexa, intrigante e ao mesmo tempo é o nosso melhor poeta. Isso já foi motivo suficiente para mim. Depois, curiosamente, os exemplos que dá são de personagens com as quais encontro relação com Fernando Pessoa e por isso, ao escrever sobre ele, era um pouco como uma espécie de continuação, uma sequência lógica, pelo menos na minha cabeça. No caso de D. Sebastião por causa da presença do V Império na obra de Fernando Pessoa, no de Amália Rodrigues porque ela se identificava com algumas das coisas que ele escrevia. E, por vezes, em letras de fado dela, parecia-me ouvir um eco de Fernando Pessoa.
- Como se sentiu com a responsabilidade de escrever como se fosse Fernando Pessoa?
Muitas vezes senti que não seria capaz “de dar conta do recado”.
- Assumindo-se Fernando Pessoa, ele próprio, como um louco e ao lidar tão de perto com esse mundo tão particular, não se sentiu por vezes contagiada por essa loucura?
Senti-me mais contagiada pelas insónias. Pareceu-me, por vezes, que as dele se tornaram as minhas.
- Quanto tempo de pesquisa e quantas noites em claro passou para compreender Fernando Pessoa?
Passei muitas noites em claro. O tempo de pesquisa foi quase dois anos.
Como sente que esteja a ser recebido este seu último livro pela crítica em geral?
Creio que está a ser muito positiva.
- Quais os planos para um próximo livro? Será que podemos levantar um pouco o véu?
Os planos estão em marcha, mas não gosto de revelar qualquer ponta do véu.