Histórias dos Sete Reinos - Crítica no Deus me Livro
Nunca, desde tempos imemoriais até aos dias de hoje, os fãs da fantasia viveram tempos tão agitados, num misto de sobressalto, ânsia e pavor. Tudo por causa da saga As Crónicas do Gelo e do Fogo que, de um total previsto de sete volumes – na edição inglesa/americana -, apenas tem cinco volumes editados. Se juntarmos a isto o facto de o primeiro livro ter sido escrito em 1996 – há 18 anos, portanto – e de George R. R. Martin contar já com 65 Primaveras, percebe-se o frenesim dos fãs que querem ler o desenlace da série que, depois da adaptação televisiva da HBO – com opiniões muito divididas para quem se deu ao trabalho e ao prazer de ler os livros -, ganhou contornos de verdadeiro épico, igualando no pequeno ecrã aquilo que Peter Jackson fez no grande ecrã com a adaptação da trilogia “O Senhor dos Anéis”, escrita pelo mestre J. R. R. Tolkien.
Em Portugal, a Saída de Emergência tem transformado cada um dos volumes originais em dois, o que até ao momento deu já origem a 10 livros, prevendo-se que pelo menos mais quatro venham a ser publicados, o que significa pelo menos o exclusivo de uma prateleira da estante lá de casa. Para preencher o hiato e o aperto sentimental dos fãs, e ao mesmo tempo divulgar a obra de George Martin, a editora tem publicado diversos livros, como “O Dragão de Inverno & Outras Histórias”, “A Espada Ajuramentada” (edição em banda-desenhada) ou “Windhaven”, escrito em parceria com Lisa Tuttle.
Estando a edição do sexto livro da saga As Crónicas do Gelo e do Fogo prevista algures entre 2015 e 2016, nada melhor do que acalmar a fúria dos fãs com a edição de “Histórias dos Sete Reinos” (Saída de Emergência, 2014), livro que reúne três histórias passadas nos Sete Reinos cerca de cem anos antes do início da grande saga.
O livro inclui os três contos do Cavaleiro de Westeros – um deles publicado em “O Cavaleiro de Westeros e outros histórias” e o outro na BD “A espada ajuramentada” -, ou seja, as aventuras de Sir Duncan o Alto – ou Dunk – e do escudeiro Egg que, sob a aparência calva e tranquila, esconde um imenso segredo. Estamos nos últimos dias do reinado do Rei Daeron, com os Sete Reinos em paz e a dinastia Targaryen no seu apogeu. Depois da morte de Sor Arlan da Pataqueira, Dunk decide passar de escudeiro a cavaleiro, partindo em busca e fama e glória num dos mais famosos torneios de Westeros. Pelo caminho pára numa Estalagem para retemperar as forças e a barriga, onde conhece Egg, um rapaz com ar misterioso e aparentando fora do vulgar que, sem que Duncan o note, o persegue rumo a Westeros, tornando-se o seu escudeiro e companheiro de aventuras.
Mesmo que – palavras do próprio Martin – seja “mais aventura histórica do que verdadeira fantasia”, estas “Histórias dos Sete Reinos” podem ser lidas como a semente que deu frutos, apresentando muito daquilo que será o pão nosso de cada dia de As Crónicas do Gelo e do Fogo: as intrigas, os jogos políticos, as traições, a comida de fazer crescer água na boca. Um livro que deverá fazer parte da biblioteca de qualquer fã de Martin.