Irmãos de Sangue - Crítica no blogue As Histórias de Elphaba

Após me ter sido dada a agradável oportunidade de conhecer Nora Roberts, através da Trilogia do Círculo, foi com expectativas que me debrucei sobre o título Irmãos de Sangue e, confesso-vos, que estas foram totalmente satisfeitas.
Mistério acompanhado de romance, com uma boa dose de diálogos pertinentes e uma essência encantadora de paranormal, fazem deste primeiro livro da Trilogia Signo dos Sete a leitura perfeita para os fãs destes múltiplos géneros literários que, aqui, se encontram cuidadosamente conjugados pelas palavras daquela que é uma autora altamente consagrada e recomendada.

Para lá de uma capa bastante apelativa, a premissa deste enredo é sem dúvida alguma bastante interessante. Três jovens, com a mesma idade e nascidos no mesmo dia, resolvem festejar o seu aniversário num local amaldiçoado e, como se não bastasse as aventuras da viagem até ao local no centro da floresta, entre os primeiros cigarros e cervejas da meninice resolvem selar a data com um pacto de sangue que, de imediato, começa a revelar consequências bastante perturbadoras.
Na actualidade, 21 anos passados, o poder libertado no passado, que se manifesta durante uma semana de sete em sete anos, parece agora intensificar-se e, entre horrores, loucuras e mortes, a chegada de uma jornalista que investiga mitos, Quinn, vem enfurecer ainda mais o que de malévolo assombra Hallow e que só por seis poderá vir a ser travado.

Gostei imenso do casal principal trabalhado pela autora nesta primeira obra, Cal e Quinn. Ele porque sendo um local e, em parte, a origem da desgraça da sua terra natal, em momento algum perde a coragem para enfrentar os problemas, algo que faz com um forte sentido de honra e preocupação com os seus, bem como com bastante charme após a chegada de Quinn. Esta mulher, por seu lado, agradou-me devido ao seu sentido de humor maravilhoso e a sua profissão de sonho, jornalista e investigadora do oculto. É certo que não lhe falta coragem, algo que vai equilibrando na perfeição com o medo que em muitas páginas se faz sentir.
Quanto às restantes personagens, também elas com uma certa dose de protagonismo, não me vou alargar porque serão desenvolvidas pormenorizadamente nos próximos volumes, ainda assim deixo-vos os seus nomes: pelo lado dos homens temos Fox e Gage, que juntamente com Cal completam o trio do pacto de sangue, e pelo lado das mulheres conhecemos Layla e Cybil, que são muito diferentes entre si e se unem ao grupo através de Quinn.
Concluindo, no que respeita ao núcleo de seis que para o bem ou para o mal se junta para resolver este problema com séculos de existência, posso defini-los, em geral, como bastante atractivos e sensoriais, como a própria narrativa sugere, e, principalmente, muito espirituosos e divertidos, principalmente em momentos de grande tensão e perigo. Acreditem-me, é hilariante ver o medo a tomar conta de todos eles enquanto, literalmente, se refugiam em piadas descompensadas e sangue ardente com um toque delicioso de paixão.

Um dos pontos fortes desta narrativa, para lá dos intervenientes de que definitivamente gostei, é o cenário, Hallow. Todo o ambiente e misticismo em torno da cidade são atractivos e a sua relação com o Mal é conjugada de forma plena. O mesmo acontece com os seus habitantes, figurinos da própria vila, que não se apercebendo, na sua maioria, da estranheza que os possuiu durante a fatídica semana, tornam tudo ainda mais intimidativo

Um factor que não posso deixar de referir é a marca temporal, aqui evidenciadas pelas personagens – Cal e Quinn ligados ao passado, Fox e Layla ao presente e Gage e Cybil ao futuro –, e, igualmente, pelo simbolismo do número 7, são pormenores que cativam durante a leitura.

Fantasmas e ilusões, demónios e deuses, bem como a dicotomia bem e mal são, desta feita, alguns dos muitos fenómenos paranormais que fazem as delícias deste texto que, sendo abordados no momento certo e aliados ao romance com boa disposição, fazem com que este livro seja uma leitura realmente agradável.

No que respeita a Nora Roberts pouco há que ainda não tenha sido referido. A sua escrita é fluida, coerente e criativa, o que com inteligência se traduz numa leitura interessante que se desenvolve com naturalidade.
As suas descrições são breves mas suficientemente compostas para que o leitor sinta na pele os dramas dos intervenientes e, neste livro em particular, gostei da forma como o oculto se conjugou na perfeição com um ambiente de aparente normalidade.
Uma nota ainda para os mistérios, o suspense e os sustos bem conseguidos, assim como para os diálogos estimulantes que motivam o folhear.

Se na primeira vez que experimentei Nora tive algumas reticências (por motivos que não interessam nomear de momento), estas já estão absolutamente esquecidas, com a certeza de que, se me for possível, continuarei a procurar o prazer da leitura nas suas páginas.
Resta-me dizer-vos que este enredo conseguiu prender totalmente a atenção logo de início e assim me manteve até ao final entusiástico, que me deixou a desejar muito a sua continuação, já publicada, Ritual de Amor.

Mais uma excelente aposta Chá das Cinco, uma editora do Grupo Saída de Emergência, que consecutivamente me surpreende de forma positiva aumentando, de forma assustadora, o leque de autoras que me vejo impulsionada a seguir.

Publicado em 8 Março 2013

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