O livro, com prefácio de Dani Filth, dos Cradle of Filth, contém os momentos “que fazem parte da história da banda, feitos importantes, mas também falhanços, que tiveram-nos e assumem-no”. “A história está toda contada”, disse o autor do livro, Ricardo S. Amorim, em declarações à Lusa.

Ricardo foi convidado para contar a história da banda em livro, em novembro de 2016. Exatamente um ano depois, em novembro do ano passado, terminou-o. Ao longo de um ano acompanhou os Moonspell em concertos, ensaios e gravações e entrevistou os elementos e ex-elementos do grupo, mas também colaboradores da banda, responsáveis de editoras e músicos de outras bandas.

“Durante esse período acompanhei praticamente todos os concertos em Portugal, e alguns no estrangeiro, e também o dia-a-dia. Ao fim do dia ia ter com eles ao estúdio, ao fim de semana íamos jantar ou ia beber café com um ou com outro. Ao longo dessas muitas horas de conversa fui juntando as peças que me permitiram contar esta história”, recordou.

Uma história com “um lado humano de relação muito presente”. “De fora ficaram especificidades, como o estúdio onde gravaram determinado álbum ou o material e instrumentos que usaram para o fazer”, disse, justificando que considera “muito mais interessante, enquanto leitor, saber como se estavam a relacionar em determinado momento, que tipo de inspiração artística e pessoal encontraram em determinada fase”.

 

 

 

“Lobos que foram homens” fala de “cinco rapazes que têm um sonho e que são perfeitamente normais”, mas também “dá o outro lado, da imagética mais sinistra, da temática lírica”.

Para se perceber a ‘normalidade’ dos elementos da banda, o livro fala, por exemplo, “da sala de ensaios, que é quase como a cabana dos amigos, onde eles se juntam todos os dias, cada um leva a sua marmita de casa, e estão ali juntos como qualquer trabalhador que vai para o escritório e almoça com os colegas e ao fim do dia volta para casa”.

Como muita gente, os músicos “levam os filhos à escola, fazem os recados, vão às compras ao supermercado e às vezes no próprio dia à noite estão num concerto, frente a duas ou três mil pessoas”.

Do ponto de vista musical, Ricardo Amorim tentou “enquadrar um pouco as origens da banda, em que correntes [do metal] se inseriam no início, a evolução que tiveram, para que o livro não interesse só aos fãs dos Moonspell, mas para que interesse a qualquer fã de música”.

Ricardo S. Amorim é fã assumido da banda, que ouviu pela primeira vez em 1994 e cujo trabalho foi acompanhando, mas assegura que o trabalho acabou por lhe permitir conseguir ter algum distanciamento, ao escrever o livro.

A primeira entrevista que fez na vida, em 1998, foi a Fernando Ribeiro, o vocalista dos Moonspell. “Mal sabia eu que ia continuar com isto como atividade, escrevendo em revistas sobre música ou a própria biografia da banda”, disse.

Ao longo das páginas há “uma série de curiosidades que levam para um lado mais emotivo”, que tentou trazer ao livro para este “não ser apenas uma biografia muito clínica, muito distanciada”.

“Lobos que foram homens. A história dos Moonspell” é apresentado no sábado, às 16:00, na FNAC do Centro Comercial Colombo, em Lisboa. A apresentação fica a cargo do escritor José Luís Peixoto.