Lobos que Foram Homens - Opinião no Eu e o Bam

 Nunca fui muito dada a ler biografias, fossem de bandas ou de pessoas individuais. Apesar de gostar de Moonspell, não me via a ler este livro - até que descobri que o prefácio é escrito por nada mais nada menos que o Dani Filth, vocalista de uma das minhas bandas preferidas e cuja escrita (pelo menos a nível das letras musicais) sempre me fascinou.
 
Lobos que Foram Homens é mais do que uma jornada pela história dos Moonspell. É realmente aprender algo, é viver e sentir a música mais pesada de uma outra forma. O autor não se limita a escarrapachar os dramas e sucessos da banda, dando-se até ao trabalho de explicar o conceito de satanismo, por exemplo, envolvendo o leitor em mais do que "no ano 1900-e-troca-o-passo lançaram o álbum X, pela editora Y, e a seguir foram na digressão Z". Esta preocupação de Ricardo S. Amorim agradou-me de sobremaneira, pois logo pelas primeiras páginas percebemos que estamos perante um relato com sentido, subjectivo dentro da sua objectividade, e sabemos que estamos prestes a embarcar numa aventura do caraças.
Adorei o facto de me conseguir identificar com algumas passagens da história, a mais memorável sendo o meu primeiro concerto de Moonspell, em Valongo, corria o ano de 2006? 2007? Não tenho a certeza, mas o facto de ter chegado mais ou menos perto de onde era, sem saber onde estava, e pensar "não sei onde estou, mas vamos seguir a multidão de preto!" e ver isso reflectido nas palavras do Amorim foi brutal. Já agora, o concerto foi espectacular, ainda lutei por uma toalha no final mas acabei por desistir.
 
Para quem vai ler o livro, por favor façam-no enquanto ouvem os álbuns. Os capítulos estão mais ou menos divididos por épocas e conseguem fazê-lo; ler a construção daquele trabalho, com as opiniões dos membros, enquanto se ouve a obra final, vai dar-vos uma experiência muito diferente e que foi, para mim, o melhor complemento de sempre a uma leitura.
 
Tenho várias memórias relacionadas com Moonspell, sendo que o álbum que mais me marcou e que eu mais vivi o Memorial. Para terem uma ideia, eu adorava tanto Moonspell que, com o meu primeiro ordenado, em 2008, tinha duas opções literalmente nas mãos: ou comprava A Filha da Floresta de Juliet Marillier, ou o Night Eternal, de Moonspell. E eu escolhi o último. Vi-os apenas duas vezes, mas tenciono este ano vê-los uma terceira, já que tocam no mesmo dia que Cradle of Filth no Vagos, o que é um thumbs up enorme. Irei vê-los agora com outros olhos, depois de saber o quanto lutaram para estar onde estão agora. Têm fama de arrogantes? Também eu teria, se tivesse de passar pelo que os membros passaram para singrar numa indústria tão complicada.
 
Super recomendado para os fãs destes sons! Parabéns aos Moonspell, pela sua magnífica carreira, e pela decisão inteligente e acertada de escolherem o Ricardo S. Amorim para escrever a vossa história.
Publicado em 20 Junho 2018

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