Novo artigo no jornal Público - Life&Style sobre o livro Mulheres

Gorda ou magra, executiva ou doméstica, apaixonada por homens, por mulheres ou por ninguém. Retratos ilustrados por Carol Rossetti, uma feminista que gosta de desenhar.

Marina, Rashid, Nicole, Suki, Maíra são algumas das personagens que a brasileira Carol Rossetti desenhou no seu livro Mulheres, Retratos de Amor-Próprio, Direitos e Dignidade. O que começou por ser um projecto no Facebook que a obrigasse a fazer uma ilustração por dia resultou numa obra feminista dividida em três temas: corpo, escolhas e amores.

“Eu postava, as pessoas curtiam e partilhavam. A partir disso, eu comecei a fazer mais ilustrações. As pessoas davam-me sugestões de temas e contavam-me as suas próprias experiências e isso também me serviu de inspiração para várias ilustrações”, conta a designer ao Life&Style antes de chegar a Lisboa, onde vem apresentar o livro nesta terça-feira, Dia Internacional da Mulher, na Biblioteca de Belém, às 18h30.

A ilustração com que tudo começou, em Abril de 2014, é a de Marina, descrita assim: “Marina adora o seu vestido às riscas, mas as revistas de moda dizem que as riscas horizontais não combinam com o seu corpo.” Depois, vem o conselho de Carol: “Não ligues às revistas, Marina. O importante é usares o que gostas e sentires-te bem com o teu próprio corpo!”

Este formato de descrição seguido de conselho repete-se em cada personagem. Relativamente a Marina, acrescenta-se uma nota: “Marina foi a primeira ilustração de Mulheres. Ela não tinha muitas cores e nenhuma expectativa de se tornar um grande projecto. O estilo das ilustrações mudou bastante desde então, mas ainda tenho um carinho especial por ela!”

Outro exemplo, agora de Amélia: “Quando Amélia se divorciou, várias pessoas julgaram-na egoísta, dizendo que ela não estava a pensar no que era melhor para os filhos.”

Conselho: “Amélia, insistir numa má relação não é saudável para ninguém da família, muito menos para ti. O teu divórcio não apresenta egoísmo, e sim amor-próprio e força para recomeçar.”

A editora brasileira Sextante descobriu a página de Carol no Facebook quatro meses depois da primeira imagem publicada e sugeriu-lhe a edição em livro.Mulheres já está entretanto publicado em Espanha, EUA, México e agora em Portugal, pela Saída de Emergência/Chá das Cinco. No Brasil, a tiragem foi de 12 mil exemplares.

Liberdade e diversidade
No texto introdutório ao livro, Carol, 27 anos e a viver em Belo Horizonte, defende: “Cada mulher tem a sua própria história, e acredito que todas merecem ser ouvidas e representadas. A minha abordagem será abrangente, convidando todos os que partilhem comigo essa ideia de liberdade a celebrar a diversidade do ser humano.”

Isto depois de lembrar que existem mulheres de várias cores, com diferentes profissões, credos, deficiências, orientações sexuais – e de dizer: “Há mulheres que não são activistas, que nunca ouviram falar em feminismo, que nunca discutiram racismo. Mulheres que lutam de formas diferentes, a partir de ideias que não conhecemos. Existem mulheres que têm vergonha de partilhar as suas escolhas por medo de serem julgadas. E existem mulheres que discordam de tudo o que eu disse até aqui.”

Os primeiros lápis de cor
E que mulher é Carol Rossetti? “Sou um pouco de todas. Nos textos, pus sempre um pouco de mim e falo delas como falo com as minhas amigas”, começa por responder ao Life&Style.

Com alguma insistência, acaba por fazer uma autodescrição mais completa, que remete para os três temas do livro (corpo, escolhas e amores) e para as características de algumas das mulheres que desenhou: “Sou magra, morena, tenho cabelos ondulados, não gosto de usar soutien. Sou bem normal, como toda a brasileira costuma ser”, diz bem-diposta. Mais pormenores: “Sou designer, casada com um homem, mas nunca o oficializámos no papel. Estamos juntos há nove anos. E não temos filhos. Pelo menos, por enquanto. Não é o momento.” Acrescenta ainda que o companheiro é “brasileiro, também designer gráfico e historiador”.

Convida toda a gente a ler o livro, homens ou mulheres, “quem sabe não se vão identificar com algumas das personagens ou estar abertos a um diálogo sobre feminismo, sobre amor-próprio e sobre a amizade também”.

Filha de um publicitário e de uma psicóloga (com 50 e 48 anos, respectivamente), Carol Rossetti, sócia do estúdio Café com Chocolate Design, diz ter decidido ser ilustradora quando os pais lhe ofereceram a primeira caixa de lápis de cor. Tinha quatro anos. E foi com lápis de cor e canetas nankin sobre papel craft que deu cor e voz às mulheres que retratou. “São tantas as mulheres diferentes no mundo que eu poderia continuar para sempre.”

Publicado em 8 Março 2016

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