O Império Final - Critica no Diário Digital
O Verão é um período de experimentarmos novas sensações, inclusive na literatura. É natural por isso lermos géneros que não estamos habituados a ler nas restantes estações. Para os amantes da fantasia épica, o nome de Brandon Sanderson já é uma unanimidade, razão mais do que suficiente para os “virgens” no género lerem sem temor «O Império Final», editado pela Saída de Emergência. Oportunidade de ouro para descobrir um livro realmente fascinante.
«O Império Final» é o primeiro livro da saga “Nascida na Bruma”, saga que colocou de vez Brandon Sanderson na boca de todos, muito devido ao mundo que criou, preenchido de detalhes e bastante bem construído. Através da magia, o autor apresenta uma história que dificilmente não irá “prender” o leitor, que lerá com prazer e avidez todas as páginas (é daqueles livros que é complicado abandonar…).
O grande mérito do autor é conseguir trazer um realismo bastante credível a uma história de fantasia. É fundamental aos protagonistas dominarem as leis que regulam o seu mundo e essas normas acabam por ser facilmente compreendidas por nós, leitores, algo fundamental para entendermos toda a trama, bastante coerente.
Temos em «O Império Final» intriga, muito suspense, histórias que se alteram frequentemente (mas sempre credíveis), imaginação e puro entretenimento, algo ideal para ser lido no calor destes dias (e esperemos nos dias futuros…). A sinopse do livro é bastante simples: sob o jugo impiedoso de Senhor Soberano, um povo, comandado pelo fora-da-lei Kelsier, procura a ambicionada liberdade.
Mas esta sinopse não reflete a complexidade do mundo criado por Sanderson, principalmente devido ao seu curioso mundo mágico, já que o autor cria um sistema de magia realmente sui generis, a alomância. Um alomante consegue queimar certos metais no seu corpo, mas apenas um (temos portanto várias classes de alomantes). No entanto, os “nascidos nas brumas”, têm o dom de queimar todos os metais. Evidentemente, todas a ação do livro são sustentados por este “duelos metálicos”, que são magistralmente escritos pelo seu autor, que respeita sempre as leis da Física, tornado cada feito em algo lógico e justificado.
Além de Kelsier, um autêntico anti-herói, outra protagonista fundamental do livro é Vin, que acaba por cruzar o destino do nosso personagem principal (ou talvez não…). A relação entre os dois domina grande parte da história, embora essa tenha várias “sub-histórias” realmente fundamentais para toda a trama.
O grande mérito de Sanderson é ter criado um mundo fantástico, mas com clara ligação ao nosso Mundo, o que torna o livro verossímil e, principalmente, consistente. Esta “realidade” acaba por ser determinante para o prazer da leitura, comprovando mais uma vez que o mundo da fantasia está muito mais próximo dos temas polémicos e centrais do mundo moderno do que muitos acreditam.
A opressão, a injustiça, a traição, o companheirismo, as contradições humanas e a indiferença são apenas alguns dos temas abordados por Sanderson, que apresenta uma escrita bastante direta, preenchida de diálogos que tornam o ritmo de leitura muito fluída e ágil.
Ou seja, é muito fácil nos identificarmos com esta história, que comprova que a literatura fantástica deve ser lida sem receios não apenas no Verão, mas ao longo do ano. De referir que, apesar de ser o primeiro volume de uma trilogia, «O Império Final» tem de certo modo um fim, o que poderá conquistar ainda mais leitores. No entanto, dificilmente não iremos contar os dias para a publicação do segundo volume…