O Inimigo de Deus - Crítica no Ler Y Criticar

Este é o segundo livro desta trilogia Arturiana criada pelo muito admirado Bernard Cornwell e está ao nível do primeiro em todos os aspetos.
 
De forma global, apreciei mais este livro, simplesmente porque o enredo é mais apelativo agora que as personagens principais foram apresentadas no livro anterior. No entanto, e apesar de ter um ritmo um pouco mais rápido, Cornwell mantém o estilo do primeiro livro, com uma narrativa que nunca é muito rápida, sendo antes focada nos vários detalhes que criam uma sociedade coerente e personagens muito interessantes e completas. Este é, para mim, o brilhantismo de Corwnell, o de criar algo que está de tal forma completo que parece real. Existem detalhes a cada página e aos poucos cria-se uma sociedade que parece real, coerente e completa. Cornwell explora vários temas e várias forças desta sociedade em que Artur se eleva. Tal como no livro anterior, política, religião, condições sociais, tradições, espionagem, amor... tudo está presente na dose certa.
 
O resultado é um livro que não nos obriga a continuar a ler, porque não é rápido o suficiente para nos embalar nesse ritmo imparável, mas é um livro que nos convence que estamos a ler algo realmente bom. Cornwell transmite um conhecimento admirável sobre uma era da qual se sabe tão pouco e somos contagiados. Explora conceitos, alguns que são factos, outros que são teoria, e torna-os reais porque encaixam perfeitamente. A isto junta-se a sensação que este livro e o anterior são um só, em constante evolução, a acelerar muito lentamente.
 
Deixando agora para trás a fantástica sociedade criada por Cornwell, passemos a outros dois pontos importantes: personagens e enredo. Começando pelas personagens, Artur volta a ser a estrela que mais brilha, não por ser a que tem mais "tempo de antena", mas sim porque se aproxima do leitor com as suas fraquezas e dúvidas. A narrativa apresenta-nos um homem que lidera mas que não é desprovido das dúvidas normais de quem tenta liderar de forma justa. É isso que nos liga a Artur: a sensação que no fundo ele tenta fazer o que é correto, mesmo que a pressão política ou a sua paixão lhe diga o contrário, e todos nós já cometemos uma loucura de amor. A diferença é que as decisões de Artur têm mais peso sobre quem o rodeia.
 
E essas decisões levam-nos a falar sobre o enredo. Como disse no início, o ritmo é ligeiramente mais forte e muito se deve ao facto de as personagens já estarem minimamente apresentadas. O livro torna-se mais cativante e facilita a aproximação às personagens mas, todavia, este é um livro sobre Artur, e o que não falta no mercado são livros assim e todos temos uma ideia de como esta história poderá acabar. Mas Cornwell surpreende na sua história, alterando aqui e ali, sempre com coerência e levando o leitor a reparar que devia ter antevisto isto ou aquilo mais cedo porque o autor já o está a construir há muito tempo... o resultado é um livro diferente e muito acima, qualitativamente, à grande maioria dos livros sobre Artur.  
 
Sendo o segundo livro de uma trilogia, não me quero adiantar no enredo nem dar uma opinião que possa revelar algo. Falta um livro e duvido que Cornwell desiluda no fim. A qualidade é palpável e percebe-se o porquê de ser considerado um dos melhores autores de sempre no seu género. Se gostam de romances históricos, então Cornwell tem toda uma sociedade complexa e completa, cheia de traições e paixões para vos oferecer. Para já, muito bom, mas ainda falta um livro. Vamos ver como acaba!
Publicado em 20 Outubro 2014

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