O Poço da Ascensão - Crítica em Ler y Criticar

Há livros que nos marcam para sempre. Uns pela sua ideia, outros por momentos que não conseguimos esquecer. Outros porque nos agarram do início ao fim, levando-nos a folhear mais uma página a cada minuto livre. O Império Final, primeiro livro desta saga, teve esse efeito em mim e foi o meu livro favorito do ano passado, com grande destaque no meu top anual.

Agora, com este livro, o segundo da saga, acreditei que a minha enorme expectativa poderia matar o livro... mas o livro é tão bom, que já só quero ler o terceiro. Aquela que é a saga mais bem pontuada no Goodreads, o que é suficiente para dizer que esta saga é mesmo boa, está a convencer-me a cada livro. Mas vamos lá analisar isto com calma.

Em primeiro lugar vamos dizer o que todos queremos saber... este livro não é tão bom quanto o primeiro. Esta é a minha opinião e pode mudar de pessoa para pessoa, mas, para mim, o primeiro livro conseguiu criar um personagem fantástico, Kelsier, mas mais do que isso... O Império Final fez, num único livro, uma das melhores construções de um vilão que alguma vez li, levando-nos a questionar mitos, lendas, a perceber o que se perde de conhecimento enquanto os anos avançam e o quanto se pode apagar algo da História. Olhemos para a nossa própria História, enquanto humanidade, e pensemos em quantos momentos estamos a ser enganados, simplesmente porque muito do nosso conhecimento é baseado no que alguém escreveu...

Neste, o enredo é totalmente diferente do anterior, e ao mesmo tempo tão parecido, porque todo o ambiente do livro anterior está aqui presente, ajudando a que seja possível sentir que ainda estamos a ler o mesmo livro, numa perfeita continuação. Mas com este diferente foco, o livro olha para outras personagens, aprofundando-as, e agora é Vin quem cresce e se torna numa personagem muito bem conseguida, com as suas dúvida, com os seus receios e sonhos, e, principalmente, com um poder suficiente para fazer a diferença. Claro que outras personagens ganham importância, como por exemplo Elend durante uma boa parte da narrativa, ou até Sazed, que aqui volta a ser a balança para várias questões do enredo e que não irei explorar aqui.

Agora, o que torna este livro tão bom? Em primeiro lugar, o próprio enredo, que nos engana em alguns momentos, surpreendendo-nos depois, e claro, pelas questões que levanta e pelas ligações que cria entre personagens. Tal como o livro anterior, a narrativa explora bastante a religião enquanto devoção, vendo tanto o que nos dá como o que nos tira. A isto junta algumas questões, que passam pela construção da própria religião e como ela nos pode ajudar durante os momentos de aflição ou perda. Quando perdemos alguém que amamos, o que nos oferece a religião? Conforto? Revolta? Compreensão? Significado?

No meio de tudo isto está a parte política do enredo, agora muito mais presente, envolvendo estratégias militares mas também política interna, principalmente focada nas necessidades das comunidades. Neste aspeto, o resultado é um impressionante desenrolar de acontecimentos que fazem todo o sentido e no qual vários personagens fazem a sua jogada. Aliás, o grande trunfo deste livro é que tudo faz sentido, mesmo com tantos personagens a lutarem por si, e tudo se liga ao livro anterior. O choque de várias culturas está muito bem conseguido, com os kandras a terem grande destaque, e a maturidade/crescimento de algumas personagens é de assinalar, algo que apenas não irei explorar para não revelar nada. E sobre tudo isso poderia estar aqui muito tempo a escrever, sem nunca abordar todos os temas do livro e sem fazer jus ao seu mérito enquanto narrativa.

Com personagens cativantes, um ritmo elevado, muita intriga e batalhas bem delineadas, esta obra é fascinante e quase tão boa quanto o primeiro. Se mesmo assim estiverem indecisos, vejam opiniões noutros blogs, vejam as pontuações que as pessoas deram a estes livros no Goodreads, e provavelmente ficarão convencidos, porque é difícil falar mal de um livro tão bom. Livro do ano? Ainda é cedo, mas está bem encaminhado. Esperemos que o próximo não demore muito a ser lançado! Totalmente recomendado a todos e não apenas a quem goste de fantasia!

Publicado em 23 Fevereiro 2015

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