O Sabor do Momento - Crítica em As Histórias de Elphaba

Embora exista uma sequência constante nos enredos de Nora Roberts, que nos permite adivinhar parte do rumo das suas narrativas, é o toque especial que a autora oferece a cada uma delas que as torna especiais para os seus fãs, fãs que como eu anseiam pela previsibilidade apaixonante dos finais felizes.
O Sabor do momento foi, para mim, um dos seus livros mais doces até ao momento, criado para suscitar o palato com emoções, criado para derreter o coração guloso das adeptas de romance.
Esta era a obra que eu mais desejava folhear da série Quarteto de Noivas, devido ao tão aguardado casal principal explorado. E se é bem verdade que enquanto par não fui surpreendida, uma vez que era possível antever o quão delicioso seria pelos livros anteriores, individualmente adorei conhecer cada novo pormenor destes opostos que se atraíram e que acabaram, claro está, por se unir na perfeição.
Quem leu as histórias antecedentes, que eu sugiro veemente, viu a autora compor a imagem perfeita da amizade e captar sentimentos fortes como marcos de uma vida, viu-a fazer florescer relações com base em afectos intensos, através de personagens tão provocantes quanto interessantes e, mais importante, com uma forma de sentir muito humana. Neste livro, o penúltimo, o leitor encontrará a representação de tudo isso e pouco mais, em páginas que nos abrem a porta para o aguardado desenlace, que envolvem todos os ingredientes necessários daquela que é a receita certa para uma tetralogia de sucesso.
Uma vez mais, a acção centra-se na Votos – a empresa de casamentos das quatro amigas, Mac, Emma, Laurel e Parker –, ambiente em que são dados a conhecer novos pormenores sobre a realização do dia do casamento, de forma singular e curiosa, e, em particular, na companhia da protagonista Laurel. Ela vive na mansão da família Brown desde que terminou a sua formação, estando assim perto da cozinha onde trabalha e partilhando tanto o lar como o local de trabalho com a dona da casa, a sua grande amiga Parker. Ainda que se sinta acolhida neste espaço, ela sabe no entanto que não tem o estatuto daquele por quem verdadeiramente bate o seu coração, um fruto proibido que pode, mais do que nunca, balançar os laços daquela que sente ser a sua verdadeira família. Ainda assim, quando o impensável acontece, Laurel cede e deixa-se ir, vivendo apenas o momento, mesmo sem saber até quando conseguirá resistir aos seus sentimentos pelo homem que sempre desejou.
No que respeita a personagens, todas elas já serão, muito provavelmente, conhecidas do leitor logo nas primeiras páginas, o que proporciona uma maravilhosa empatia imediata com texto. Porém, é agradável a descoberta de novos pormenores sobre intervenientes secundários outrora destacados, como os casais já formados, ou mesmo daqueles que se estão a preparar para uma união no próximo título. Quem também me deu prazer conhecer melhor foi a Senhora Grany, mais próxima da protagonista Laurel e uma presença constante na vida das personagens que o leitor estima.
Relativamente ao casal principal, Laurel e Del, gostei particularmente da figura feminina, forte e independente, apaixonada pelo seu trabalho e muito mais sensível do que permitia antever. O seu passado e as abordagens que permite são uma mais-valia, que nos motivam a conhecer os seus medos e a desejar que ela se abra ao seu segredo que é, simultaneamente, a chave para a sua felicidade. Já ele é todo honras e paternalismos, nem sempre convenientes, e tem um coração imenso que chega a todos, a ela de forma especial, que o faz redimir-se das suas asneiras.
Quanto a novidades e/ou particularidades, a autora adicionou um novo cenário descontraído e inspirador onde terão lugar momentos fantásticos entre os quatro casais, três afirmados e um deduzido. É igualmente atractiva a forma como foram abordadas as questões sociais, dado passado de Laurel, assim como as problemáticas familiares, onde Linda volta a destacar-se pela negativa.
Uma nota final, ainda, para a profissão de Laurel, encarregada da confeitaria da Votos, que é imprópria para diabéticos e que me deixou a salivar por diversas vezes, foi uma tortura no bom sentido, assim como para as cenas sensuais, sempre muito doces e com a pitada certa de erotismo.
Em suma, este livro foi o meu favorito até ao momento pelas personagens mas também por ser o mais leve e começar a unir as pontas soltas pendentes até então, estou desejosa pelo grande final que, certamente, não irá desiludir.
 
Quanto a Nora Roberts e a sua escrita, nada de novo tenho afirmar. A autora esteve ao seu nível habitual e, mais uma vez, está de parabéns pela forma como personaliza os seus intervenientes e pela sua árdua pesquisa na temática que tem lugar entre páginas.
 

Esta é uma aposta de sucesso continuado no Grupo Saída de Emergência, na sua chancela Chá das Cinco, e que eu não me canso de sugerir às leitoras deste género literário, romance contemporâneo, que vão adorar.

Publicado em 7 Março 2014

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