Paixões à Solta - Crítica no blogue As Histórias de Elphaba

Não existem dúvidas, a paixão é, para alguém que se preze, um perigo sem igual. Ora vejamos, provoca palpitações no coração (algo também conhecido pelo assustador nome de taquicardia!), entorpece o nosso raciocínio (ou seja, fazemos mais vezes figura de parvos!), faz-nos sentir algo parecido com “borboletas” no estômago (portanto deixamos de comer, preocupante!) e, em casos realmente agudos, pode ainda causar excesso de transpiração (nem comento…) e alterações de humor (que ninguém merece aturar!).
Tudo isto se confirma, certo? Portanto, alguém que me explique como é que é possível que este terrível Mal ande à solta, seja recomendado e, não raras as vezes e as lágrimas, nos deixe altamente felizes!

Paixões à Solta é uma narrativa hilariante, com um enredo atribulado e personagens absolutamente genuínas que nos cativam do princípio ao fim. Amor e morte, risos e lágrimas, surpresas e segredos, são apenas alguns dos factores que contribuem para que, num curto espaço de tempo, nos vejamos emaranhados em situações peculiares neste livro onde tudo é possível.
Jill Mansell tem um humor muito próprio com o qual já me sinto familiarizada mas, por incrível que pareça, conseguiu uma vez mais surpreender-me pela positiva. A sua imaginação prodigiosa, acompanhada de uma escrita satírica e diálogos absolutamente mordazes, que fazem as delícias de qualquer leitor que, finaliza a sua obra, dará por si a suspirar por mais.

Para quem segue o blogue não é novidade que esta é das minhas autoras favoritas, se não mesmo a favorita, no que respeita a comédias românticas. O número de intervenientes que consegue desenvolver primorosamente, a consistência que lhes oferece, juntamente com a vivacidade com que cada um contribui para a história é louvável acabando por, mais tarde ou mais cedo, conquistar até os menos crédulos no seu talento.

É difícil falar-vos de uma única personagem quando todas contribuem tão proactivamente para o texto no entanto, se considerarmos Daisy e Dev como os protagonistas, as cenas que este casal protagoniza, serão razão mais do que suficientes para vos conquistar. Ela tem um sentido de humor, face aos problemas que muitas vezes a acompanham, que nos conquista logo de início e ele, embora pouca dado a gargalhadas, é tão sedutor e misterioso que é impossível descolarmo-nos dos seus passos e das suas intenções.
O leque de personagens é, de facto, muito diversificado e, na minha opinião, é aí que reside a essência na história, na forma como cada um presta o seu contributo.

À parte do casal principal temos personagens como Johs, Tara, Hector ou Barney que facilmente conquistaram admiradores. Cada um deles tem uma personalidade muito vincada e características muito específicas que os torna únicos, o que nos permite explorar determinados valores.

Diversificados são também os temas que dão vida a este enredo que explora desde questões banais a dilemas proeminentes que não devem ser esquecidos. Desta feita, se olharmos para um lado mais emotivo temos paixão e ciúme, mas também a traição, o medo de entrega, entre outros sentimentos que fazem parte das relações em geral. E, por um lado mais sério, abordamos questões como a doação de órgãos ou a adopção de animais o que, na minha opinião, é muito importante e, se a abordagem efectuada for agradável, leve e descontraída, como só esta autora sabe conferir, o resultado só pode ser de plena satisfação.

Pessoalmente, este foi um livro que me deu imenso prazer e revejo-o como remédio santo para animar muitos leitores. Entre as personagens exploradas tenho favoritismos e confesso-vos que Hector, o pai de Daisy, me roubou o coração! Também achei interessante a forma como foram exploradas as personagens  Dominic e Mel, a segunda em particular, pois agradou-me a forma como esta se desenvolveu e fico contente que este tipo carácter não seja esquecido. Em suma, esta é uma narrativa que contrabalança a simplicidade das palavras com a complexidade dos sentimentos dos seus intervenientes o que resulta na química perfeita para o entretenimento.

Jill Mansell aposta na criatividade e ironia, sem esquecer o que realmente importa, com uma escrita muito directa e divertida. Para quem já leu outros livros da autora, em minha opinião, este encontra-se ao mesmo nível dos anteriores, embora o cenário seja mais idílico. Quanto ao ritmo de leitura é surpreendente, facto que se prende pela forma como tantas vidas e situações decorrem em simultâneo sem que nada seja deixado ao acaso e sem descurar as interacções contagiantes com entrada e saída de personagens muito especiais.

Concluindo, se os sorrisos e as gargalhadas valessem dias de vida, ao terminar este livro eu estaria possivelmente ainda a dar os meus primeiros passos na leitura. Por tudo isto, este é um livro da chancela Chá das Cinco, com o carimbo Saída de Emergência, que aconselho sem qualquer tipo de restrição para todos aqueles que se permitirem contagiar pelas emoções positivas como só autora consegue transmitir. Muito bom.

Publicado em 24 Maio 2012

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