Alimentação saudável, ervas aromáticas, shiatsu ou reflexologia são apenas algumas das técnicas naturais que estão na base da naturopatia, revela Diana Patrício, especialista nesta medicina não-convencional. A naturopata lançou o livro Pare, Escute e Mude, pela editora Saída de Emergência, onde pretende alertar para os problemas do organismo e para a necessidade de recuperar o seu bom funcionamento através de métodos não invasivos.
A naturopatia é reconhecida pelo Estado português como uma medicina natural desde 2003. A pouco e pouco, há cada vez mais pessoas que procurarem alternativas à medicina tradicional, acabando por recorrer a métodos medicinais não-convencionais, reconhece a especialista ao Life&Style, numa entrevista telefónica entre consultas.
A naturopatia é um exemplo claro de um tipo de medicina não-convencional que realiza uma abordagem natural da saúde, fazendo uso de ferramentas que a própria natureza proporciona, explica. Assim, o grande motor da naturopatia é a estimulação, e são os mecanismos de auto-cura do organismo que, através de técnicas naturais, são estimulados para que a patologia seja eliminada.
“Há plantas medicinais, vitaminas e minerais que podem ser extraídas de alimentos e que, tudo conjugado com as técnicas de massagem específicas do nosso corpo, estimulam esses mecanismos”, continua Diana Patrício, formada em Naturopatia e Homeopatia na Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa.
Abordagem holística
A juntar a isto, a naturopatia tem uma abordagem holística, isto é, segundo explica a naturopata, não visa apenas tratar o sintoma, mas sim compreender o que o causa. “A naturopatia tenta compreender o que está a causar aquele problema, tentando perceber qual é a causa e se existem outros órgãos em desequilíbrio que estejam a provocar aquele sintoma”, acrescenta.
Neste sentido, Diana Patrício diz que é por isso que muitas vezes surgem as incertezas da medicina convencional. “As pessoas procuram alternativas à medicina tradicional, porque a resposta desta é limitada e trata-se o sintoma, mas não o que está por trás. Depois vêm os efeitos secundários.”
“Se houver dez pessoas com uma gastrite e as dez forem ao hospital, provavelmente vêm todas de lá com o mesmo medicamento. Na naturopatia o objectivo não é esse”, sublinha.
A naturopatia avalia cada caso como único, pois cada organismo funciona de forma distinta de doente para doente. A avaliação é feita segundo o sintoma demonstrado e, a partir daí, a apreciação do problema procura a causa desse sintoma e o objectivo é oferecer uma solução o mais especifica possível para cada doente.
O tempo que a naturopatia leva a surtir efeitos relativamente ao da medicina convencional depende dos casos. Se for uma doença crónica, a naturopatia leva mais tempo a actuar e a neutralizar a patologia. Mas, caso seja uma doença aguda, de que são exemplo as perturbações respiratórias, os métodos naturais desta medicina não-convencional têm resultados rápidos, podendo até evitar que as pessoas tomem fármacos.
Diana Patrício refere também que esse tempo é condicionado pela força vital – conceito associado à naturopatia – ou seja, depende da energia que cada pessoa possui para reagir ao tratamento.
A reflexologia, prática que consiste em aplicar pressão em determinados pontos das palmas dos pés e das mãos, é um dos pilares da naturopatia. “Sempre que temos algum problema a nível de um órgão, podemos estimular esse ponto através de massagens específicas em zonas do corpo. Por exemplo, a planta dos pés é uma espécie de mapa dos nossos órgãos”, explica a especialista.
Contudo, o tratamento tem de ser feito de forma global, pois o organismo funciona como um todo. “Não vamos mexer só naquela zona em específico, mas vamos aplicar as técnicas em todo o pé, e é comum encontrarmos outros problemas quando o fazemos”, continua.
Aliado à reflexologia está a prática da técnica japonesa shiatsu que, além da sensação de relaxamento, desbloqueia pontos que estão ligados a determinados órgãos, pois é aí que começa a doença quando há um bloqueio energético nesses pontos. “O shiatsu funciona como uma espécie de acupunctura, mas em vez das agulhas usa-se a pressão dos polegares do terapeuta nos pontos de acupunctura”, diz a naturopata.
A especialista preconiza que os tratamentos têm de ser acompanhados de uma alimentação saudável, sobretudo de origem vegetal. Na base das suas recomendações estão estudos que demonstram a não incidência de doenças como o cancro em populações que não consumiam proteína de origem animal, diz-nos.
Ainda dentro da vertente alimentar das terapêuticas naturopatas, Diana Patrício destaca a importância das ervas aromáticas que podem prevenir e tratar doenças. “A salsa, o tomilho e o aipo possuem uma sustância chamada apigenina, uma substância que ajuda a tratar problemas degenerativos ou prevenir alguns problemas como o Alzheimer”, conclui.
Se quer experimentar a naturopatia tenha em atenção o especialista a que se entrega. Verifique se tem formação adequada e certificação pela Administração Central de Sistemas de Saúde.
Pare, Escute e Mude no jornal Público
Há formas naturais de combater doenças e a naturopatia pode ajudar
Por Francisca Dias Real
A salsa, o tomilho e o aipo são ricos numa substância que pode prevenir problemas como o Alzheimer ou tratar doenças degenerativas.
Publicado em 21 Julho 2016