Pecados da Igreja - Opinião em O Informador

«O santo filósofo explica que os sete pecados capitais (soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja, preguiça) não foram escolhidos pelo seu valor intrínseco, mas pelo facto de serem eficazes detonadores da prática das mais torpes maldades». É assim que se dá a forma introdutória do livro Pecados da Igreja, da autoria de Secundino Cunha, onde os pecados protagonizados por homens e mulheres que defendem e são os responsáveis pela comunhão entre a sociedade e a crença estão em destaque. 

Recorrendo a histórias reais, verdadeiras e nacionais, este livro faz uma análise sobre as notícias que ao longo das últimas décadas foram surgindo sobre os pecadores no seio da igreja. Pessoas que se formam para defender e transmitirem aos outros ideias e que se deixam levar por maus hábitos ou por tentações pelas quais deveriam estar afastados e preparados para não cederem.

Se um padre viu a sua vida ser alterada quando se apaixonou por uma jovem que o acompanhou até ao mundo da droga, outros há que conseguiram aguentar uma família em segredo durante anos até que decidiram deixar o seu lugar na igreja para viverem livremente com os seus sentimentos, tendo até que recorrer por vezes em alguns casos a fugas amorosas para alterar todo o rumo de uma história que poderia não ter acabado da melhor maneira. Se uns vivem de amores nem sempre positivos, outros há que se deixam levar pelo luxo, pedindo a católicos ajudas para a comunidade religiosa para fazerem uso desses lucros em compras de veículos topo de gama, férias em verdadeiros paraísos, noites de arromba e uma vida de ostentação, o que sempre levanta suspeitas. E como a falsidade também existe, não é que já existiu quem se tenha feito passar por padre ao longo de anos, em várias paróquias, sendo acarinhado por milhares de cristãos até ser descoberto nas próprias malhas do seu crime? E o que dizer do suposto colecionador de armas que era mais traficante que outra coisa, mas como os padres têm sempre uma boa imagem junto da população, todos acharam que as investigações não estariam corretas. Existem pois padres que recorrem aos serviços da prostituição para se sentirem de certo modo homens, só que as coisas nem sempre correm bem e mais cedo ou mais tarde são apanhados ou chantageados. O que considero o maior pecado de todas estas histórias contadas por este livro é a pedofilia na igreja e olhem que esta obra reconta vários casos de outrora, casos esses que foram por vezes ocultados pela igreja para que não se criasse grande alarido em torno do assunto, para mais com o que aconteceu há uns anos mesmo no centro do Vaticano. Prostituição, pedofilia, abusos e como não podia escapar encontramos as festas e saunas gay onde muitos padres para não darem nas vistas em Portugal recorrem a terras vizinhas para se satisfazerem. Se uns há que se protegem pelos seus pecados, outros há que se vingam dos colegas do lado, nem que para isso tenham de criar e inventar situações para terminarem com a carreira de quem menos gostam.

A igreja com a imagem imaculada e perfeita pode existir na mente de muitos, mas várias pessoas que dela fazem parte vão cometendo alguns pecados ao longo da vida onde os desfalques, tentações, vinganças e objetivos vão ultrapassando o que na ideia geral é inconcebível para quem defende as boas ações e um caminho de acreditação. Não digo que isto aconteça a metade dos pregadores religiosos, nada disso, mas que alguns circulam pelos meados do crime, sexo, drogas e luxo, lá disso não existem dúvidas. Nenhuma área da sociedade é perfeita, nem mesmo os supostamente mais certos cidadãos educados para guiarem os outros. 

Pecados da Igreja é daqueles livros que quem não percebe a crença religiosa pode ler que ainda fica com uma imagem pior acerca do que poderá existir na vida pessoal de cada padre, que geralmente são as pessoas que mais convivem com a sociedade dentro da igreja. Ninguém é perfeito mas os cristãos acreditam praticamente sempre que o padre da sua aldeia é incapaz de pecar. Pois, o mal está em acreditar e seguir tudo como é pretendido pelo centro religioso, sem existirem questões a levantar por vezes sobre as vidas ostensivas de alguns, as noites de saídas, os jantares prolongados em casa de amigos e por ai fora.

Esta é uma obra que compacta num só local várias notícias saídas pela imprensa nacional ao longo dos anos e que foram assim reescritas, contando com novos pormenores por Secundino Cunha, um jornalista com algumas outras obras já lançadas. Um livro de pecados na igreja para pecadores e não pecadores lerem e perceberem que todos podemos cair na tentação de morder a maça mais tentadora da História.

Publicado em 24 Outubro 2017

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