Ponte de Sonhos - Crítica em As Leituras do Corvo

Nem todos os magos e Guias das Trevas foram eliminados quando Belladonna expulsou de si a Luz para derrotar o Devorador do Mundo. E quando Lee se cruza com um grupo que pretende chegar à irmã através dele, também ele escolhe deixar para trás aqueles que ama para que eles fiquem protegidos. Nas mãos dos magos, é conduzido à loucura e à cegueira, e a sua condição acaba por levar ao seu internamento num asilo em Visão. Mas aí, onde os seus captores julgavam poder escondê-lo, Lee descobre o caminho de volta para si mesmo. E, através do Xamã responsável pelo Asilo, descobre também que as trevas se adensam sobre Visão. E que a única ajuda possível está naquela que deixou para trás.
De regresso a um mundo já conhecido, mas expandindo-o para novos limites e paisagens, Anne Bishop coloca, neste Ponte de Sonhos, o melhor dos primeiros livros da série e acrescenta-lhe novos elementos. Cenários mais vastos, diferenças de ideais e conhecimentos entre diferentes culturas, novos seres e adversários a considerar são tão essenciais à linha que define este livro como tudo aquilo que é já conhecido e que se faz tanto de uma relação familiar e de afectos, complexa, mas de uma força impressionante, como de um conjunto de poderes e de possibilidades que derivam tanto do mundo como da matéria de que são feitos os corações das pessoas. 
O equilíbrio de todos os elementos é fascinante e, ao longo do enredo, a autora dá a conhecer novas e carismáticas personagens, ao mesmo que abre caminho ao reencontro com personagens já anteriormente conhecidas. E, quanto a estas, recupera o que de melhor mostraram em fases anteriores da história, mas mostra também a sua evolução. Voltar a ver Sebastian, e saber no que se tornou com o passar do tempo, reencontrar Belladonna e mergulhar nas complexidades da sua dupla natureza, e acompanhar a jornada de Lee à descoberta de si mesmo são apenas algumas das partes que tornam delicioso o regresso a este mundo. E há, além disso, outras presenças mais discretas, mas que não podem ser esquecidas, das quais sobressaem, é claro, as sempre divertidas intervenções do Provocador.
Mas, de tudo o que marca neste livro, e é muito, é ainda e sempre de equilíbrios que se faz o que mais se destaca. Entre um mundo complexo e cheio de possibilidades e as escolhas que, feitas, acima de tudo, com o coração, nunca poderão deixar de ser pessoais. Entre as diferenças que são capazes de separar partes do mundo e o simples afecto capaz de criar união. Entre tudo o que é vida - luz e escuridão, fúria e afecto, auto-preservação e sacrifício - e todas as coisas que lhe definem os contrastes. De todos estes equilíbrios cuidadosamente tecidos, resulta uma história que é vasta e complexa, e, ao mesmo tempo, incrivelmente próxima. E, precisamente por tudo isto, tão cativante.
Por todas estas razões e outras mais, é sempre um prazer regressar aos mundos desta autora. E este livro não é excepção. Sempre envolvente, repleto de momentos marcantes e com o equilíbrio perfeito entre todos os elementos que lhe dão forma, fica na memória, sem dúvida, este livro maravilhoso.
Publicado em 7 Maio 2014

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