Ponte de Sonhos - Crítica no blogue Bela Lugosi is Dead

Ponte de Sonhos é o regresso ao mundo de Efémera, anteriormente explorado nos livros Sebastian, Belladona e ainda no conto A Voz.

A trama tem início um pouco depois de Belladona ter encerrado o Devorador do Mundo. Apesar de o grande mal-estar aprisionado, os magos continuam a procurá-la. Assim, Lee sacrifica-se com o intuito de proteger a irmã e acaba internado num Asilo de Visão, uma paisagem até então desconhecida por ele.

Danyal, o Xamã responsável pelo Asilo, sente instantaneamente uma ligação com Lee, apesar de este ser apresentado como louco. Lee começa a recuperar com a ajuda deste homem e de Zhahar, uma mulher muito misteriosa. Ao mesmo tempo, Visão está a ser ocupada por trevas que vão alterar o local para sempre e colocar em risco a população. Danyal e Lee acabam por se unir na descoberta da ameaça à cidade e iniciam, desta forma, uma viagem por paisagens e pelo interior dos seus corações.

Os fãs de Anne Bishop não vão estranhar esta narrativa, cujos principais conceitos já foram explicados em volumes anteriores. Um dos principais núcleos de personagens contém figuras conhecidas, surgindo ainda um outro que promete cativar facilmente.

O protagonista desta trama é Lee, o irmão mais novo de Belladona, um Construtor de Pontes. A autora explora esta personagem com o intuito de dar a conhecer as suas qualidades e defeitos. É interessante verificar que este é um homem atormentado que não aceita completamente aquilo que o faz sofrer. Só com o tempo e com a aceitação da sua natureza é que tal vai ser possível, assim como a procura da felicidade.

Entre as novas personagens que foram dadas a conhecer o destaque vai para Zhahar, ou, melhor dizendo, Sholeh Zeela a Zhazar, uma Tríade. Esta é uma figura que introduz o leitor para um novo ser composto por três irmãs que partilham o mesmo espaço físico. “Uma que são três e três que são uma.”

Sholeh Zeela a Zhazar resulta da junção de três irmãs com personalidades bem distintas. Cada uma está a associada a um centro, sendo Sholeh a intelectual, Zeela a mais impulsiva e Zhazar a que está ligada ao coração. Representação de um ser completo, a Tríade é também um ser novo e desconhecido, o que faz a autora explorar a ideia de preconceito e, com ela, as inseguranças e medos associados à não aceitação pelos outros. O leitor vai sentir-se interessado na exploração destas novas personagens, nomeadamente na forma como as três coexistem.

Ao longo da trama, é possível ver a preocupação da autora de não só apresentar uma história emocionante mas que também possua mensagens relevantes para o mundo atual. Assim, a ideia de que são os Homens que transformam o mundo com as suas ações e desejos é constantemente relembrada. Anne Bishop concede um mundo detentor de Luz e Escuridão, sendo que a existência apenas é possível através do equilíbrio. As suas personagens são também detentoras destas duas naturezas, o que as leva a viverem conflitos interiores interessantes e permite uma empatia com o leitor mais instantânea.

“Que o teu coração viaje com leveza, pois o que trazes contigo torna-se parte da paisagem.”

A autora relembra o poder dos desejos e mostra que estes, quando realizados, podem revelar um lado inesperado na natureza do seu autor.

Igualmente existe uma enorme preocupação com a natureza. Sendo a autora uma adepta fervorosa da jardinagem, nota-se esta sua paixão a cada página, quer seja na atividade principal das Paisagistas, quer em pormenores que se revelam provocadores de grandes mudanças.

A resolução final é adequada, mas deixa ainda algumas explicações no ar e certos assuntos por resolver, o que pode não agradar a todos os leitores. Contudo, os fãs de Anne Bishop vão apreciar esta viagem por Paisagens onde a humanidade é apresentada nas suas diversas facetas. Recomendo.

Publicado em 12 Agosto 2013

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