Presságios de Inverno - Crítica no Morrighan

Foi em Janeiro de 2012 que li o primeiro livro desta série, Acácia - Ventos do Norte. Na altura, o meu entusiasmo com a leitura foi um pouco inconstante, mesmo reconhecendo a capacidade do autor em construir um mundo complexo, cheio de surpresas, tramas complexas e teias enganosas. Não tenho uma justificação para ter deixado passar tanto tempo até ler este segundo volume, mas acredito que cada leitura tem o seu timing certo e a verdade é que, no meio da minha vida mais que atarefada dos últimos tempos, este foi aquele livro que não consegui deixar para trás sempre que via uma oportunidade de percorrer algumas páginas. 

 
O que mais me fascinou desde o início, para além de ter sido fácil juntar as peças que deixei em pausa há quase três anos, foi a capacidade de desenvoltura de David Anthony Durham. A oscilação entre momentos de desenvolvimento e de transição, impôs um compasso enérgico à acção levando o leitor a interrogar-se constantemente sobre o futuro das personagens. A empatia que muitas vezes procuramos nos protagonistas não é fácil de definir. A dualidade presente em cada um deles torna-os tão humanos que o vilão parece ganhar alguma credibilidade quando não devia e o herói algum cepticismo quando inesperado. 
 
A luta entre as famílias Mein e Akaran toma contornos brutais, levando a um destino imprevisível, com dor, sangue, sofrimento e uma grande repressão interior. Os interesses mudam tão rapidamente que esperar um certo rumo nos acontecimentos é um erro, a única certeza é que a tragédia está sempre à espreita. Acordam-se espírito e seres antigos, encerram-se outros mitos e, no fim, é a essência da incerteza que impera. 
 
Adorei Mena e Alaric, Hanish foi sempre um querer não gostar, mas ainda assim simpatizar, Corinn foi sempre a mais difícil de julgar e o fim não abona a seu favor. Temerária, mas com o seu tom frágil, atinge à distância em dimensões inimagináveis por quem a rodeia. Os sacrifícios que acontecem ao longo destas páginas ultrapassam qualquer consolo que se pudesse sentir com o resultado. Desde a estrutura da narrativa à exploração e evolução das personagens, o autor soube como elevar a fasquia do universo Acácia colocando-o ao nível de outros grandes mestres da Literatura Fantástica. Não sendo as estórias, de todo, parecidas, fez-me lembrar a frieza de George R.R. Martin na forma como lidou com os intervenientes. Gostei bastante e fiquei, definitivamente, conquistada pela escrita de David Anthony Durham.
Publicado em 22 Outubro 2014

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