Quando Nietzsche Chorou - Crítica em Silêncios que Falam

O primeiro romance que o psiquiatra Yalom escreveu foi dado a conhecer aos leitores em 1992 e ele atribuiu-lhe o título When Nietzsche Wept. Esta é a sua obra de ficção mais conhecida do público e foi a única adaptada para filme, em 2007.
A história tem contornos fictícios, mas os seus personagens existiram mesmo e marcaram uma fase importante da História e deixaram um legado fulcral no ramo da Filosofia, Medicina e Psicologia: Friederich Nietzsche, Josef Breuer e Sigmund Freud — os dois primeiros protagonizam a história, que data a capital da Áustria em 1882. Quando encontra-se de férias em Veneza e é abordado por uma jovem e bela mulher solicitando-lhe, desesperadamente, ajuda para tratar um amigo filósofo com tendências suicidas, o dr. Breuer aceita tratar esse caso aparentemente urgente. Muito céptico, Nietzsche é recebido no consultório do conceituado médico, em Viena, e informa que já fora consultado por vários dos médicos mais famosos da Europa, mas nenhum conseguira uma cura para a(s) sua(s) debilitante(s) doença(s) do corpo e da alma. Após várias sessões e ainda muito reticente, o filósofo aceita ser internado durante um mês numa clínica psiquiátrica sob os cuidados do doutor, mas Breuer depois de ter analisado a personalidade obstinada e orgulhosa do paciente, que não dá sinais de querer ser curado, decide fazer um pacto terapeuta-paciente. Assim, com os conselhos do seu amigo Freud, Breuer pede também que o filósofo use do seu conhecimento profundo sobre a condição humana para tratá-lo, pois por dentro da bata branca esconde-se um homem profundamente angustiado. Os dois homens se encontram e compartilham receios, sonhos, desejos, relacionamentos amorosos falhados, e como resultado conhecem o lado mais frágil um do outro mas, fundamentalmente, conhecer-se-ão verdadeiramente a si próprios. Assim, sob a forma de catarse, esses exercícios de auto-consciência dialéticos revelar-se-ão benéficos para a cura, as curas. Um actuou como «médico do corpo», o outro como «médico da mente».
Quando Nietzsche Chorou é um romance atraentemente bem estruturado, bem delineado na veste psicológica e complexa dos dois personagens centrais, transpostos da realidade. Evidencia-se um bom trabalho de pesquisa sobre o enquadramento social, histórico e científico da época narrada. Apesar de Nietzsche e Breuer nunca terem-se cruzado (revela o autor de De Olhos Fixos no Sol nas notas finais do livro), o romance lê-se como se realmente o que Yalom imaginara, tivesse passado na realidade. Há que apontar que neste livro, que vai já na sua 10.ª edição, a revisão deixa a desejar; há variadíssimas falhas na pontuação. Um best-seller como este merece um maior cuidado.
Publicado em 13 Maio 2014

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