Sangue Ardente - Crítica no blogue As Histórias de Elphaba

** Esta opinião contém spoilers para quem não acompanha a série. **

No imenso e bizarro mundo paranormal, do qual Sookie faz parte, existem verdades simples e irrefutáveis. A morte é uma constante e esta protagonista já ceifou a sua cota parte de vidas. As mentes, em geral, são para si um livro aberto, o que tem tanto de assustador como de interessante. E a paixão, um factor importantíssimo, encontra-se nos braços de um viking com mais de mil anos, mas convenhamos, muito, mas muito, bem conservado. Sim, isto é a sua simples realidade, viver e sobreviver nestas condições é a parte complicada.

Sangue Ardente é o XI livro da série Sangue Fresco que após, aproximadamente, 3000 páginas continua a cativar-me através de Sookie, Pam, Eric, entre muitos outros que já fazem parte do meu imaginário. Acção, aventura, suspense, amor e muitas surpresas regadas a sangue são o cardápio habitual desta divertida história que, na minha opinião, veio dar uma nova vida ao universo literário onde os vampiros são reis mas quem domina é a (ex.)ingénua Stackhouse.
Charlaine Harris foi a minha primeira escritora no munto do romance sobrenatural. Da minha parte, já lhe teci todos os elogios possíveis relativamente à sua criatividade, humor e escrita inteligente, o que se comprova pelo facto da sua história já ter voado das páginas para o formato televisivo, alcançando um número ainda mais elevado de fãs, comprovando, simplesmente, que a sua capacidade de entretenimento não tem limites.

Se houvesse dúvidas do inestimável valor desta série, o número de volumes já publicados, e os que ainda estão por publicar, seriam prova mais do que suficiente para as despistar. Não vos minto, a cada novo livro, chega-nos a prova do seu valor, revelando-nos novos riscos, novos medos e novas perguntas, e respostas, que nos mantém em suspense e ansiosos pelo próximo lançamento. Na minha perspectiva, penso que a chave para o sucesso se encontra na inovação dos crimes e mistérios, com um toque do género policial criminal, que a autora aufere sempre a cada nova publicação, o que resulta na perfeição.

Este é um livro especialmente dedicado à clarificação de respostas que até agora estavam pendentes. Aqueles que, na sua maioria, interagem com a personagem principal são os vampiros Pam e Eric, e as fadas Claude e Dermot. A Pam, em particular, tem momentos muito relevantes onde nos mostra que, apesar de sanguinária, e sem pulsação, algo da sua antiga natureza humana ainda persiste mantendo-se, efectivamente, bela, assustadora e com uma graça digna da morte.
No que respeita a nossa Sookie os apuros e os riscos estão efectivamente presentes, embora nada de tão assombroso como vimos anteriormente. Esta rapariga já aprendeu, definitivamente, a fazer os trabalhos de casa. Efectuando um bom trabalho como detective e eficiente nos pensamentos, esta já não é a tolinha crédula que encontramos de início, tendo agora uma maior bagagem e sangue frio (expressão curiosa) para contornar os seus inimigos. As reviravoltas continuam a ser um dos pontos fortes e, parece-me que, muito em breve vamos ter novas surpresas nas diversas áreas da vida desta personagem. Uma coisa é certa, as peripécias estarão sempre garantidas.

Como em todos os outros livros, este não foi excepção, e existem diversos momentos chave nas mais variadas áreas e dilemas da vida de Sookie, Da minha parte, gostei de ver, finalmente, e definitivamente, o caso Pelt resolvido que já se arrastava à demasiado tempo. Outro dos pontos que merece especial destaque, e por o qual acredito todos aguardam com especial ansiedade, é a descoberta do porquê de a nossa protagonista possuir um dom tão peculiar.

No que respeita ao lado paranormal, tanto as fadas como os vampiros continuam a manter os seus segredos e, embora Sookie esteja o mais próximo possível de qualquer um destes seres, a verdade é que se comprova que certezas não existem porque até o seu coração a poderá trair, o que nos trará novos desfechos no futuro que, uma vez mais, nos deixam aprisionados ao enredo.

Pessoalmente, não considerei que este fosse o melhor livro da série mas não é, de todo, inferior ao nível a que a autora nos tem vindo a habituar, podendo ser considerado satisfatório e deixando a vontade de ler mais. Sinceramente, após terminada a leitura, fiquei com dois desejos peculiares, o primeiro é ver a Sookie com uma maior quantidade de sangue de fada que lhe permita uma vida perlongada – sim, eu acredito em finais felizes e a autora já disse que a Sookie nunca se irá tornar vampira – e segundo, gostaria de ver o Bill morto. Penso que está, definitivamente, na altura da autora começar a cortar nas personagens principais pois, embora continue a permitir uma grande permuta de intervenientes, a verdade é que, na sua maioria, entram e morrem ou então desaparecem e, com a aproximação do final da saga, eu começo a ambicionar por estabilidade.

Charlaine Harris apresenta-nos os conceitos de sempre que passam por um ritmo de leitura sôfrego, sem momentos mortos, onde conjuga perigos e humor que só são possíveis graças às características da sua protagonista que é o ponto alto de qualquer livro, cada vez mais, com a sua fantástica evolução.

Esta é uma publicação Saída de Emergência, inserida na colecção Bang, em que eu aposto sempre e que sugiro a todos aqueles leitores que gostam de fantasia ou mesmo aos que, tal como eu na altura, nunca experimentaram este tipo de literatura e se encontram reticentes quando a criaturas sugadoras de sangue. Gostei.

Publicado em 29 Maio 2012

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