Se me amas sabes o que quero. Ou talvez não...

Sete em cada dez casamentos acabam em divórcio. No livro “Aprender a A.M.A.R.”, o psicólogo Fernando Mesquita revela mitos que afectam as relações e as acções que podem salvá-las.

O que leva as pessoas a romper o casamento? Está muito na maneira “como se encara os problemas, se olha para a relação e para si mesmo”, afirma o psicólogo Fernando Mesquita no novo livro “Aprender a A.M.A.R” (Edições Chá das Cinco).

“Há pessoas muito propensas a acreditar nos mitos do amor”, como, por exemplo, “a questão da alma gémea e que uma relação realmente saudável é aquela onde não se precisa de dizer o que se sente para que a outra pessoa corresponda – se me amas sabes o que quero”.

Os mitos tornam-se perigosos e podem mesmo levar ao fim de uma relação. Sobretudo num tempo em que, “cada vez mais, estamos numa relação enquanto estamos felizes” e “deixamos de investir às primeiras dificuldades”, diz o especialista em terapia de casal em entrevista à Renascença.

Este livro procura alertar para o facto de, “às vezes, haver dificuldades que podem ser superadas e de os casais, apesar de tudo, poderem ser felizes”, destaca.

Os últimos dados disponíveis sobre divórcios (referentes a 2013) indicam que 70% dos casamentos resultam em separação. O número é, ainda assim, mais baixo do que o registado em 2012 e 2011, ano em que a percentagem chegou aos 74%, mas está acima do registado em 2000. Nesse ano 30 em cada 100 casamentos acabaram em divórcio.

Agir

Decorre da primeira letra do acrónimo A.M.A.R. e significa, no fundo, investir no outro. “O casal precisa de fazer uma cativação contínua, ou seja, têm de olhar um para o outro.”

Um dos exercícios sugeridos no livro é fazer “uma lista de, pelo menos, 10 coisas que o outro já fez, faz ou gostariam que fizesse e mostrar-lhe. São exercícios de cativação” e não de contrapartidas. “Isso deixa de ser funcional”, avisa Fernando Mesquita.

Deve agir-se antes de “encher o saco”. E que não se pense que dar sinais basta. “Ninguém tem a capacidade de ler a mente do outro”. Só comunicando se pode dar um passo para mudar o que está mal na relação.

Motivar

Muitas vezes, quando as coisas começam a não correr bem entre o casal, “a tendência é ver tudo o que é mau e fazer críticas e comentários negativos em relação ao outro”.

O “motivar” está relacionado com uma mudança de atitude – do negativo para o positivo. “Olhar para o outro como algo que tem de bom para me dar” e pensar no que cada qual pode dar para que a relação melhore.

“O que é que já fizemos, o que gostaríamos de fazer? Vamos criar projectos em comum. Muitas vezes, os projectos vão parar a gavetas. Vamos buscar novamente esses projectos e fazer com que a relação volte a ter sentido”, sugere o psicólogo.

Motivar implica também “reforçar positivamente uma acção do outro, porque ele vai sentir que está a ser apreciado e vai repetir o comportamento”.

Aceitar

Aceitar o outro tal como é. “Muitas vezes acontece que queremos que o outro seja algo que não é. Projectamos uma imagem a que queremos que ele corresponda e isso não é amar, na realidade”, alerta Fernando Mesquita.

“Temos de aprender a amar o outro tal como é. Mas antes disso, temos de nos amar a nós” – essa é a primeira etapa e é fundamental. Daí que ocupe a primeira parte do livro.

“Temos de saber quem somos, porque se eu não gostar de mim, muito provavelmente vou precisar da outra pessoa e dos elogios da outra pessoa para me sentir bem. E vou tornar-me dependente”, diz o psicólogo. “Se eu não consigo amar-me a mim, dificilmente consigo amar as outras pessoas.”

É a fase da autodescoberta, que permitirá também perceber que mitos habitam no nosso cérebro, “que armadilhas é que ele nos criou”.

Respeitar

Essencial numa relação e decorre de tudo quanto foi dito antes.

O autor de “Aprender a A.M.A.R.” diz à Renascença que a ideia do livro surgiu depois de ter percebido que “há casais que fazem de uma pequena dificuldade uma tempestade, enquanto outros superam imensas dificuldades que nos levam a pensar 'como é que conseguem estar juntos e a relação sobreviver a tudo isto?'.

O livro é um apelo à reflexão sobre os vários tipos de amor e sobre as várias maneiras como podemos olhar para a relação, de modo a que possamos perceber “o que podemos fazer melhor”. 

Publicado em 27 Outubro 2016

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