Tragédia de Fidel Castro é Livro do Mês na revista "Os Meus Livros"
A Tragédia de Fidel Castro
A guerra afonsino-castrista e outros deuses
Avizinha-se uma guerra catastrofica. Fátima telefona a Deus e põe-no ao corrente da situação.
Deus fala com o filho e tenta convencê-lo a voltar novamente à Terra.
Cristo nao está para aí virado mas acaba por obedecer ao progenitor.
Entretanto, e em segredo de domínio público, os inimigos em questão trocam prendas de Natal: D. Afonso Henriques recebe caixas dos inigualáveis charutos cubanos e Fidel Castro saboreia vinho tinto de regiões demarcadas oferecido pelo monarca.
Poderia ser mais um argumento para os Monty Python.
Joao Cerqueira serve-nos esta sátira brilhante, divertidamente séria, onde se acompanha a ascensão e queda do líder máximo da revolução cubana,o sonho de Fátima de atingir o estrelato "rodeada de bugigangas made in Heaven" e o desejo de D. Afonso Henriques ter por fim a sua Aljubarrota.
Além da subtileza descarada da denúncia, temos a oportunidade de nos contemplar, nós enquanto portugueses, não num espelho, mas talvez sim numa casa de espelhos, destes que encontramos nas feiras de atracções e que deformam a nossa imagem até ao riso, sem que por isso deixe de ser a nossa imagem.
Surpreende como a deliciosa cena de baile entre Fidel e Varadero (espião cubano) que quase desemboca em sexo ao vivo pode coabitar com a profundidade de algumas questões:"A dor purifica a alma ou corrompe-a de vez?" ( ... ) "Porque a descoberta das razões profundas de algo inquietante sempre traz a serenidade, mesmo quando o problema subsiste ...".
Resumindo, não se desperdiça nem um só parágrafo nesta tragédia onde nem Deus sabe se foi despedido ou se está prestes a sê-lo.
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Prós: O humor no seu esplendor; os diálogos hilariantes; a maravilhosa dúvida existencial de Deus, o M.R.P.T. (Movimento Revolucionário das Putas Tradicionais).
Contras: Não tem.
Rita Bonet - Revista Os Meus Livros, Junho 2008
