Um Dia Perfeito - Crítica no blogue As Histórias de Elphaba

Terminada mais uma leitura de Nora Roberts, questiono-me - pela última vez, prometo -, como é que durante tanto tempo os seus livros não me despertaram a atenção e, sinceramente, não consigo encontrar uma justificação, apenas uma certeza, a de que doravante isso não voltará a acontecer, pois não descansarei enquanto, a pouco e pouco, não enriquecer a minha colecção com as suas palavras.
Romântico, leve e divertido, Um Dia Perfeito é o protótipo de páginas assertivas para quem procura simplesmente relaxar e descontrair na companhia de um enredo interessante, com personagens inteligentes e que se encontram à beira de sucumbirem aos dilemas do coração, ou este não fosse o romance em todo o seu esplendor.
Mac
, Emma, Laurel e Parker são as melhores amigas de sempre e, desde que se lembram, que brincam aos casamentos como quem brinca às bonecas. Cresceram, e com o amadurecimento os problemas trouxeram-lhes a garra para concretizar um sonho que, na actualidade, tem o nome de Votos - uma empresa que realiza sonhos, que realiza casamentos.
Entre pétalas, flashes, doces e muito trabalho, tudo isto envolvido em suor e amor, continua no entanto a faltar um par a cada uma destas magníficas mulheres e quem mais sofre neste momento, em cada instantâneo, quando vê reflectidos todos os sorrisos menos o seu, é Mac, uma mulher que espelha segurança no trabalho mas que se encontra à deriva pela mágoa de não conseguir ser feliz.
Quando se vê obrigado a acompanhar a irmã para uma reunião a respeito do seu casamento, Carter surpreende-se ao reencontrar em Mac uma paixão da juventude, e embora tudo tenha mudado desde então, nas curvas e contracurvas dos seus percursos, tanto este professor como a bela fotógrafa sentem de imediato uma atracção, que segundo Mac terá de ser evitada, que segundo Carter é a oportunidade para ser feliz.
Como devem ter percebido, este livro é o primeiro da série Quarteto de Noivas, em que cada título é dedicado a uma das quatro amigas, e nesta narrativa temos a oportunidade de explorar Mackensie profundamente, assim como o seu par romântico Carter - penso que Nora não poderia ter começado melhor forma a sua história.
Mac é uma personagem intensa e penso que muitas serão as leitoras que se irão identificar com a sua postura defensiva face ao seu passado mal-amado. Amante do seu trabalho e esposa das suas amigas falta-lhe, no entanto, descobrir a mulher que existe dentro de si, algo que só encontrará ao lado de um homem que a compreenda -  é  muito interessante ver o seu crescimento emocional, enquanto vence o seu feitio retorcido e as batalhas pendentes do seu passado.
Eu adorei Carter, adorei mesmo. Fora do comum, este protagonista começou por me conquistar enquanto professor de literatura e, mais tarde, por vencer a sua timidez e encontrar a persistência necessária para alcançar a mulher que deseja.
Como casal - óbvio desde início, pelo que não creio estar a cometer um spoiler -, eles são opostos que se equilibram e têm uma credibilidade evidenciada pelos muitos erros que comentem um com o outro e para com a vida, são um tanto inocentes, é um facto, mas também são muito divertidos em conjunto ou de forma singular.
Como em todo o bom romance, existe lugar para algum drama providenciado por personagens secundárias, mas vou abster-me de especificar porque acho que vos dará gozo descobrir. Posso no entanto falar-vos um pouco de Emma, Laurel e Parker, as próximas protagonistas da série, que permitiram antever um pouco dos traços que as caracterizam a nível de personalidade, bem como em relação ao seu trabalho na Votos.
Estou muito curiosa para descobrir a Laurel em particular, uma que é responsável por alimentar os corações alheios, mas muito pouco permitiu saborear sobre si própria, já Emma permitiu espreitar a fragilidade de uma flor com receio de florescer e Parker, por sua vez, um pulso forte para comandar e organizar o que a rodeia, enquanto os seus sentimentos estão longe de ser arquivados. As quatro mulheres permitem, igualmente, uma pequena homenagem ao feminino por parte de Nora, o que se verifica através da paixão com que se empenham naVotos e no laço que as une, elas são um pequena força da natureza, repleta de afectividade e que demonstra o verdadeiro valor da amizade.
Para quem procura um pouco mais de substância num texto, para lá do campo sentimental, é curioso analisar as questões relacionadas com uma família disfuncional, assim como o trabalho de Mac, que nos oferece inúmeras peculiaridades para quem gosta defotografia. A visão do seu universo é credível e consente, oferecendo uma perspectiva interessante sobre cada retrato, o registar de momentos únicos para que perdurarem quando, quiçá, a vida pregue uma partida e reste apenas o olhar para esta forma de arte. É muito bonito. E igualmente bonita é a Votos, existe tanto amor e tanto cuidado nesta empresa que é quase como uma quinta personagem principal  uma distribuidora de alegrias, emoções e que confere muita acção ao enredo sendo, na minha opinião, uma dos pontos mais interessantes e apelativos da história.
Em suma, para quem procura uma história de amor, com algumas peripécias na medida certa e espaço para algum drama, esta é definitivamente uma escolha acertada que entreterá todos os fãs deste género literário.
Quanto a Nora Roberts, não há muito a acrescentar a tudo o que já possa ter dito anteriormente. Ela é romântica, tem criatividade quanto baste para criar casais singulares e, o melhor de tudo, tem uma escrita assertiva que promove uma leitura veloz.
As suas descrições não são nada de extraordinário, mas situam perfeitamente quem lê durante a acção. Neste livro em particular, através da Votos, consegue um cuidado especial produzindo imagens realmente bonitas da magia que brota das suas amorosas protagonistas.
Da minha parte gostei e vou, sem dúvida alguma, continuar a acompanhar esta série com entusiasmo. Houve mesmo alguns momentos que me despertaram a atenção e, um deles em particular, vale apena citar pela assertividade das palavras da autora, pelo que escolhi a seguinte frase, da página 64, que me parece perfeita para todos os seguidores deste blogue, nos quais eu estou incluída: «A ficção popular é uma força importante e viável da literatura. É por isso que é popular. Ler pelo simples prazer de ler (…).».
Esta é uma aposta Chá das Cinco, uma chancela do Grupo Saída de Emergência, dedicada ao público feminino, assim como a todos os que gostem de explorar os assuntos do coração.
Publicado em 21 Agosto 2013

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