Um Estranho Numa Terra Estranha - Opinião em Stoneart Books
Lá pelos meus 14, 15 anos, eu e o meu irmão trocávamos livros para ler. Ambos éramos (e somos!) apaixonados por ficção cientifica, por livros de fantasia e por livros de aventuras (entre outros géneros, o que me faz pensar que, na realidade, somos apaixonados por livros e pronto. Mas isso acho que, pelo menos no que me diz respeito, já todos sabem).
Bem, dizia eu que trocávamos livros. E foi numa dessas trocas que conheci Robert A Heinlein, um dos melhores autores de ficção cientifica que alguma vez li. Não só por este Um Estranho Numa Terra Estranha, mas também por Friday, Não Temerei Nenhum Mal, Um Dia Depois de Amanhã, O Planeta Vermelho ou A Rapariga de Marte.
Foi, portanto, com muita excitação que acolhi a noticia que a Saída de Emergência ia reeditar o melhor de todos os livros, Um Estranho Numa Terra Estranha, em dois volumes uma vez que a viúva do autor encontrou a versão original, maior e mais completa que a edição que foi publicada originalmente (e se quiserem editar todos os outros, eu e os outros fãs agradecemos do fundo do coração).
Robert A Heinlein é um contador de histórias por excelência. Até podemos questionar as suas ideias, se serão viáveis ou não, ou se serão politicamente correctas. Mas até o facto de o podermos fazer mostra o quanto somos envolvidos nos seus livros. Por exemplo, não me parece que o pressuposto deste livro - um humano criado como marciano, capaz de realizar, com o seu organismo, o mesmo que um marciano realiza - possa ser real. Claro que Valentine nasceu em Marte e foi lá que foi criado até à idade adulta, mas isso não inviabiliza que o seu ADN é humano e não marciano. Não groco que seja suficiente ser criado em Marte para ser marciano. O facto de pensar nisto enquanto leio o livro não o torna menos interessante, pelo contrário. Leva-me a ler ainda com mais atenção, tentando encontrar falhas na história. Só que falho redondamente porque toda a história está criada com mestria, levando-me a acreditar que tal é possível (e isso torna-o perfeito).
Porque é isso que Um Estranho Numa Terra Estranha é. Um perfeito livro de ficção cientifica, uma história perfeita, contada na perfeição.
Tão perfeito que, desde que iniciei a minha vida profissional, uso, como lema, o mesmo das Justas Testemunhas:
Jubal gritou:
- Aquela casa nova no topo do monte lá ao fundo... consegues ver de que cor a pintaram?
Anne olhou na direção para onde Jubal apontava e respondeu:
- Deste lado é branca.
Jubal continuou a falar com Jill em tom normal.
- Vês? A Anne está tão completamente doutrinada, que nem sequer lhe ocorre inferir que é provável que o outro lado também seja branco. Nada neste mundo conseguiria forcá-la a comprometer-se quanto à cor do outro lado... a menos que desse pessoalmente a volta até ao ouro lado e o visse... e mesmo assim não partiria do principio de que permaneceria da mesma cor depois de se ir embora... porque podiam pintá-lo assim que virasse as contas.
- A Anne é uma Justa Testemunha?
- Graduada, com licença ilimitada e admitida a testemunhar perante o Tribunal Superior...
Acreditem, Um Estranho Numa Terra Estranha este é aquele livro que, quem gosta de ficção cientifica deve ler. Não só porque é dos melhores livros escritos por Robert A Heinlein, mas também porque é um dos melhores livros do género.
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