Gerir 1 Ano de Stress no Sapo Lifestyle
O stress é mesmo um bicho-de-sete-cabeças ou até pode ser saudável?
O stress é praticamente impossível de evitar, uma vida sem stress é uma vida sem motivação. Mas é possível aprendermos a dosear os níveis de stress e viver com um stress bom ou positivo. O stress positivo ajuda-nos a manter o foco no objetivo que pretendemos alcançar, favorecendo a energia e o estado de alerta. É útil para os Atletas de Competição; durante uma apresentação estimula a nossa concentração e foco; quando estamos cansados conseguimos concentrar-nos e ter energia para concluir um trabalho.
O stress pode manter-se durante as férias? Ou fora do local de trabalho?
Quando o stress persiste após o local de trabalho ou durante as férias, este é um alerta de que de não estamos a conseguir lidar e gerir os níveis de stress. É importante mantermo-nos ativos antes e durante as férias para que o nosso organismo não seja submetido a alterações bruscas e repentinas que exigem um maior esforço de adaptação aos ritmos de sono, de alimentação, entre outros.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o burnout é uma das principais doenças dos europeus e norte-americanos, ao lado da doença dos diabetes e das doenças cardiovasculares. Apesar de ser uma doença que está intimamente ligada à vida profissional, não são só os trabalhadores que sofrem deste mal: estudantes e desempregados também podem sofrer desta síndrome devido a preocupações e nervosismo. Sugiro alguns conselhos práticos que deve ter em conta: dormir bem, fazer uma alimentar adequada é essencial. Mas ter horas de relaxamento e de diversão também é igualmente importante.
Pessoas stressadas são mais bem sucedidas profissionalmente?
De forma geral, todos vivemos sob o efeito do stress, sendo que pode este ser útil no desempenho de algumas tarefas profissionais e e na vida pessoal, desde que seja gerido adequadamente pela própria pessoa. É comum algumas pessoas referirem que são mais produtivas no trabalho ou nos estudos sob o efeito do stress. Este stress é positivo que nos leva à criatividade e procura de novas soluções para os desafios quotidianos.
Alguns estudos científicos sugerem que os filhos de pais que apresentam um elevado nível de stress emocional estão mais vulneráveis a doençasEntão é normal ter stress?
O stress é uma reação natural do organismo perante uma situação inesperada, de especial tensão ou de intensa emoção, que pode ocorrer em qualquer pessoa, independente de idade, raça, sexo, situação socioeconómica. Quando o stress persiste no tempo pode ser definido como “um desgaste do organismo”. A nossa reação contém sensações físicas e psicológicas que causam mudanças químicas no corpo. Para algumas pessoas o stress permite que estejam mais atentas e estimuladas nas tarefas. Mas o stress também reativa sentimentos de angústia, medo de falhar e tensão. Quando atinge níveis excessivos, o stress pode mesmo ser o maior responsável por situações depressivas.
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O stress manifesta-se através de sintomas físicos de stress como a tensão muscular, as dores de cabeça, cansaço, sonolência, alergias, como a comichão na pele. Os sintomas comportamentais e cognitivos traduzem-se por agitação, dificuldade em cumprir responsabilidades, adiar as tarefas, pensamentos ansiosos, preocupação constante, dificuldades de memória e em tomarmos decisões. E, em termos emocionais, podem haver manifestações de choro, irritabilidade, nervosismo, tristeza e depressão.
Mães e pais stressados criam filhos stressados?
Alguns estudos científicos sugerem que os filhos de pais que apresentam um elevado nível de stress emocional estão mais vulneráveis a doenças. Para além do stress, os pais que apresentam um humor deprimido também revelam maior propensão para ter filhos com maior riscos de desenvolverem doenças.
Que outros efeitos é que o stress pode ter nas crianças?
Quando as crianças que não conseguem identificar com clareza os sentimentos, aquilo que estão a sentir em determinado momento, acabam por manifestar essas sensações emocionais causadas pelo stress (que podem ser positivas ou negativas) através de alterações comportamentais em casa e na escola. Porém, quando o stress é negativo, as crianças manifestam o mal-estar através de birras e de comportamentos desadequados. Na clínica, as situações mais frequentes que são causadoras de stress patológico nas crianças são a morte na família; discussão frequentes entre os pais; separação dos pais; mudanças de cidade, país, escola; doenças, internamentos; atividades em excesso; nascimento de irmãos.
É possível gerir o stress em períodos difíceis como a morte de um familiar ou uma doença crónica debilitante?
Face a qualquer perda significativa de uma pessoa, desenrola-se um processo necessário e fundamental para que o vazio deixado possa voltar a ser preenchido com o tempo. Esse processo é denominado de luto e consiste numa adaptação à perda, envolvendo uma série de fases. Apesar do processo de luto ser aparentemente um mecanismo universal, cada um de nós tem uma forma peculiar de o realizar e o processo varia não só de pessoa para pessoa, como também existem diferenças consoante a faixa etária em que a pessoa se encontra. As crianças e os adolescentes têm características próprias na forma de sentir a perda e de viverem o luto, sendo necessários determinados cuidados específicos.
O diagnóstico de uma doença implica ajustamentos à vida de todos os dias, que mobiliza variáveis psicológicas, determinantes, decisivas, para termos uma boa vida com a doença com que se vive. A chave deste processo é a adaptação. Este não é um processo automático, mas que depende das nossas características individuais e do modo como percecionamos a situação e como a enfrentamos. O processo de adaptação é dinâmico, começa com a expressão de sintomas, e continua no decurso da doença. Existem aspetos extrínsecos que nos permitem avaliar se o processo está a ser positivo, como o facto do doente cumprir tarefas relacionadas com a adaptação à doença (exemplo: toma a medicação a horas, cumpre o plano alimentar); se o doente tem procurado preservar o seu estado funcional; se existe uma perceção da qualidade de vida em diferentes dimensões (familiares, sociais, profissionais); se estamos perante ausência de perturbação psicológica, de baixo afeto negativo; existe humor positivo e objetivos de vida.
Em que situações é que se deve procurar ajuda?
O problema surge quando o stress e a ansiedade são sintomas excessivos, devido à sua intensidade, frequência e duração no tempo, conduzindo a falhas no processo de raciocínio e no desempenho de algumas situações e atividades diárias. É frequente existirem pensamentos como: "algo horrível vai acontecer", "não me consigo concentrar", o que, por sua vez, tem efeitos nefastos no sono e nas relações pessoais. Alguns exemplos clínicos: o ato de entrar para um elevador ou estar perto duma varanda num andar elevado pode ser vivido com muita intensidade e sofrimento para quem está a vivenviar ansiedade patológica porque avalia a situação com uma elevada probabilidade de ocorrência de um acontecimento negativo ou catastrófico; um simples encontro social pode ser vivido com enorme ansiedade e apreensão porque é interpretado como uma situação humilhante e embaraçosa (fobia social).
Todos nós temos os nosso limites que são diferentes de pessoa para pessoa. É importante procurarmos acompanhamento psicológico ou psicoterapia quando sentimos que os efeitos do stress está a ter consequências no nosso humor (irritabilidade, tristeza), no sono e, de forma geral, nas atividades do nosso dia-a-dia.
Na maioria das vezes o stress negativo ou patológico leva ao desenvolvimento de quadros clínicos graves como as perturbações de ansiedade, ataques de pânico, depressão.
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