Wicked Lovely: Sombras Radiantes - Crítica no blogue D311nh4

Adoro este mundo de Melissa Marr.
Quando apareceram estes livrinhos de fadas, pensei: "fadas, bah! Historinhas da Sininho". Não podia estar mais enganada. Aliás, se analisarmos bem os comportamentos da fadinha da disney, apercebemo-nos de que ela não é um poço de virtudes, e que está bem longe disso.

As fadas são ancestrais, são seres que vivem num mundo totalmente à parte e isso faz delas extremamente perigosas. A dificuldade em perceber a moralidade humana, em refrear os próprios sentimentos em prol dos outros, faz parte deste mundo criado por Marr e é essa crueldade e frieza que me agarra a esta coleção e me faz esperar ansiosamente pelo derradeiro desfecho.

Neste livro acompanhamos Devlin, o irmão das gémeas originais. O mundo das fadas foi criado por dois pólos, Sorcha, a rainha suprema, da Razão, e Bananach, a fada-corvo da Guerra. Devlin sempre foi fiel a Sorcha, mas precisa de ambas para existir, porém, nunca as diferenças entre as suas mães-irmãs foram tão grandes.

Sorcha conheceu o amor e, tal como qualquer fada, a sua existência centra-se na consolação do seu próprio sentimento, e Bananach quer encontrar aí uma forma de destruir a irmã da única forma que pode - nunca fisicamente. Contudo, Devlin também tem os seus segredos e percebe que não consegue viver mais à sombra dos pedidos da Rainha Suprema.
Do outro lado, temos Ani e a sua ascensão como canídea. A sua propensão para a raiva não a deixa coexistir com os humanos. Protegida pelo seu pai e pelo ex-rei da corte das trevas, Ani dá asas à rebeldia e luta pela liberdade e por fazer parte de um dos dois mundos.

Encontrei neste livro uma personagem feminina que não odiei! Ani é descarada, orgulhosa, forte, mas não forte o suficiente. Ani sabe onde acabam os seus limites, mas tende a ultrapassá-los, não por altruísmo, mas por pura diversão. Contudo, há nela um amor pela família que a amolece e a aproxima dos humanos. Não é idiota ao ponto de enfrentar estupidamente seres superiores e reconhece as suas fraquezas.

Devlin é forte, é uma das fadas mais temidas de todas as cortes. É essa força que o torna apetecível e interessante. Tem um passado negro e não se reprime por ele. Não há aquele peso de consciência pelos atos passados e, talvez, futuros. É, sem dúvida, uma personagem bem construída. A ambiguidade da sua personalidade oscila para o bem, quando comparado com outros mais cruéis. Porém, não há bondade vincada em nenhuma das fadas de Marr.

A delícia deste volume também se fez pelo elevado protagonismo que teve a corte das trevas, sobretudo  com Irial. Já antes conhecemos esta fada sedutora e a sua ambivalência entre o amor e a dor.

Bananach merece uma vénia. É das poucas vilãs realmente assustadoras, impiedosas e temíveis que conheci nos últimos tempos. A fada da guerra é cruel e macabra. A sua despreocupação, a facilidade com que mata é assustadoramente surpreendente, e os seus diálogos curtos, com um tom louco, extremamente bem inseridos e arrepiantes.

O jogo dos dois pólos, que faz este enredo, apontou um caminho sinuoso para o final da saga. Estou irremediavelmente rendida a esta história e preciso de saber como termina.

Publicado em 1 Abril 2013

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