"Primeiro as coisas interessantes. A mecânica de contar a história mediante diversos pontos de vista está interessante e é um estilo que funciona bem e torna a leitura mais agradável. A tentativa de exploração da natureza humana também foi mais ou menos bem conseguida. Segundo; o que falhou. Decididamente para mim estes livros sobre tragédias deveriam acima de tudo ser credíveis. A falta de água apesar de ser um problema bem real não é algo que vai acontecer do dia para a noite como foi a sensação com que fiquei ao ler. É mais um problema do tipo cozedura em lume brando... Sim no início do livro deu-se a entender que a situação já não era a ideal mas normalmente e num país com nos EEUU as dinâmicas auxiliadas às da economia de mercado tornam rapidamente o essencial a coisa mais prioritária de todas. Para tornar tudo mais caricato e absurdo no livro vão mensagens e indicações que nada contribuem para o evoluir da história passo a explicar: sem qualquer necessidade é dada a entender a etnicidade das diversas personagens. Não sei em que sentido este tipo de informação faz avançar a história. Escolheu-se falar de um problema: a falta de água, mas claro tem que vir a reboque o divisionismo e a demonização dos brancos. Sendo um livro do seu tempo pela porta do cavalo vem sempre a mensagem do costume: os brancos sao maus, os que mais ´lixam´ a situação a todos os outros... todos os outros são os virtuosos. Esqueçam, que na verdade, são os países e sociedades onde há mais brancos que existe mais confiança social. É precisamente noutros países muito mais disfuncionais que existe luta pelos recursos e colapso geral de qualquer ordem pública. Mesmo no Mali e noutros estados subsarianos Africanos gravemente afectados a situação está a ser cozinhada ligeiramente tendo como efeitos muito mais imediatos (migração para fora do continente). A falta de recursos origina antes da situação de lobos solitários ou gangs, a criação de grandes grupos étnicos motivados por políticos. Dentro dos EEUU isto não aconteceria; as pessoas simplesmente sairiam e iriam para outros estados com mais água, sim iriam haver alguns problemas mas nada com os níveis de absurdo do livro ... Mesmo em Portugal sempre que temos uma onda de calor alguém vai averiguar qual a situação de seca no terreno e constatar os níveis das Albufeiras... e somos 10 milhões... Num estado como a Califórnia com 40 milhões de pessoas não haveria ninguém que reparasse nesses problemas atempadamente??? É por isso que digo que todo o pressuposto desta história é um grande exercício de imaginação. E não é daquela imaginação fantasista fixe que a SdE tem... Não, é alarmismo parvo e simnplificado. Claramente os autores nunca saíram dos EEUU a não ser para se calhar promover o livro. Não foi bem conseguido dada a realidade mais imediata de outros países que já pode ser observada hoje. Por ser woke, e ser alarmista com ligação à realidade mal conseguida considero que uma qualquer reedição e compra deste livro um desperdício de dinheiro, mas já se sabe que as editoras quando compram uns bons títulos à mistura são obrigadas a publicitar muita porcaria que deve servir para por dinheiro nos bolsos da TOR e da MacMillan."

""Fico feliz por não ler as novidades logo que saem, como já vos disse e por esperar pelo momento certo para cada livro. E este encaixou-se perfeitamente no mês de Agosto. O mês quente por excelência e depois de uma saída de Estado de Emergência por força da Covid 19.

Este livro retrata uma realidade que muitos acham estar longe de acontecer, mas desenganem-se, podemos, sim, ficar sem água a qualquer momento. E isso deveria deixar-nos aterrados. Essa realidade é assustadora.
Continuação: https://livrosdevidro.blogs.sapo.pt/opiniao-seca-de-neal-e-jarrod-11074 ""